A aparição “inédita” de Jesus a Francisco

São Francisco viu em várias ocasiões Jesus Cristo. Estão documentadas pelo menos três aparições, mas se duas são bem conhecidas, a terceira é menos.

A PRIMEIRA APARIÇÃO: O ALVERNE

Em setembro 1224, depois de quarenta dias de jejum, oração e penitência, São Francisco encontra-se num estado de êxtase no Alverne, lugar místico do Apenino Toscano. Jesus aparece a Francisco na semelhança de um querubim estigmatizado: destas feridas partem raios luminosos que atingem as mãos, os pés e o lado de Francisco. O futuro Santo, recebeu de Jesus o dom maior que poderia ter: os Estigmas.


A SEGUNDA APARIÇÃO NA PORZIUNCOLA

A segunda aparição é antecedente: aconteceu em 1216, quando a Santa Virgem juntamente com Cristo, acompanhados por muitos anjos, apareceram a São Francisco na igrejinha de Santa Maria dos Anjos (também chamada da Porciúncula).


São Francisco imitou Jesus mais que qualquer outro homem sobre a terra

Necessidade nestes nossos tempos difíceis: de testemunhas que mostrem que se pode ser de verdade humanos, limpidamente e completamente humanos, como Jesus o foi de maneira suprema, e era um homem como nós exceto no pecado, como o foi São Francisco morre junto da igrejinha da Porciúncula, na planície de Assis, depois do pôr do sol de 1226.

Acabado de expirar os frades que o assistiam depõem-no nu sobre a terra nua, como ele tinha pedido. Passaram-se mais de sete séculos e meio e o espírito do pobrezinho de Assis é ainda um recurso para a renovação da Igreja, para a paz no mundo, para o respeito da criação. Um dos atos certamente mais relevantes realizados por João Paulo II foi a iniciativa de convidar os representantes das grandes religiões para um encontro de oração pela paz. Aconteceu em 27 outubro 1986. Papa Woytila estava convencido que do diálogo entre as religiões dependia o destino da paz no nosso mundo. O convite foi aceite porque o encontro indicado se realizava junto do túmulo de S. Francesco.


As demissões de Bento XVI e a eleição do novo Papa aconteceram num momento complexo e difícil da nossa Igreja. Percebe-se a necessidade de mudanças profundas e o último Sínodo dos Bispos tratou da necessidade de uma nova evangelização. Por isso a expectativa de quem seria o novo Papa foi vivíssima, e não só da parte dos católicos. E o cardeal Bergoglio, escolhido como sucessor na cátedra de Pedro, escolheu para si o nome de Francisco. A pergunta vem espontânea: que explicação dar a uma tal relevância que Francisco d’Assis continua a ter depois de tantos séculos? Não somos os primeiros a fazer esta pergunta.

As Fontes Franciscanas narram que fra Masseo, companheiro do Santo desde a primeira hora, um dia perguntou a Francisco: “Digo, porquê a ti todo o mundo corre a trás, e toda a gente parece que deseje ver-te e ouvir-te e obedecer-te? Tu não és belo no corpo, tu não és de grande ciência, tu não és nobre; porque será que todo o mundo vem a ti?”.

Francisco tinha respondido: “Queres saber porque é que todo o mundo vem atrás de mim? Os olhos santíssimos do altíssimo Deus não viram entre os pecadores ninguém mais vil do que eu, nem mais insuficiente, nem maior pecador que eu”.

Aos nossos olhos a resposta deve ser vista na relação entre S. Francisco e Jesus. ele teve uma coragem extraordinária em tomar a sério, radicalmente, Jesus. Sob as suas palavras e sob o seu exemplo o Pobrezinho de Assis foi continuamente modelando a sua existência, até se assemelhar de maneira tão viva, no corpo e na alma, que quem o encontrava tinha a impressão de se encontrar diante do próprio Jesus. é isto que esperamos daqueles que se dizem cristãos, e em primeiro lugar dos líderes eclesiásticos, incluído o Papa: que levem a sério o exemplo e a palavra de Jesus, que se assemelhem a ele, no comportamento e nas relações. E isso para restituir uma alma grande à Igreja, para restituir uma alma a este nosso mundo, que parece morrer por carência de coração e de espírito verdadeiro.

Porque disto está desesperado São Francisco, que foi chamado “o segundo cristão depois de Jesus”, como o são um número incalculável de homens e mulheres que se deixam guiar, muitas vezes na humildade de uma vida que não faz rumor, pelas palavras do Evangelho e pelo Espírito do Senhor ressuscitado. A nossa fé na ressurreição de Jesus tem a sua base sólida no testemunho dos apóstolos, claro e credível. Alguns anos após os acontecimentos S. Paulo pode escrever: “Em seguida [Jesus ressuscitado] apareceu mais de quinhentos irmãos de uma só vez: a maior parte dos quais ainda vive, enquanto alguns morreram.  Além disso apareceu a Tiago, e depois a todos os apóstolos. Último entre todos apareceu-me também a mim” (1Cor 15,6-8). Mas a nossa fé baseia-se também sobre as experiências de “ressurreição” de que somos testemunhas também nos nossos dias.

Em primeiro lugar da ressurreição da humanidade sã, positiva, generosa, comprometida, graças a uma fé que sabe resistir a mil provas. Il Popolo di Pordenone

A TERCEIRA É COM OS FRADES

Uma outra aparição de Cristo a Francisco é menos conhecida, mas foi “coletiva”. No sentido que Jesus foi visto pelo santo de Assis e pelos seus confrades no mesmo momento. A data não é precisa, mas nas “Florinhas” conta-se o episódio com muitos pormenores. A aparição acontece enquanto Francisco está ocupado, com os outros frades, a falar de Cristo.

O ESPIRITO SANTO

O “pobrezinho” dá uma indicação a cada frade presente: convida-os a fazer discernimento e a falar de Cristo “movidos” pelo Espírito Santo. E assim fazem os seus três companheiros. Enquanto Francisco os ouve, ficando em silêncio, as “Florinhas” descrevem assim a aparição de Jesus: «Aconteceu que estando neste falar, apareceu Cristo bendito no meio deles em espécie e em forma de uma jovem belíssimo, e abençoando-os a todos encheu-os de tanta graça e doçura, que foram raptados para fora de si mesmos, e jaziam como mortos, não sentindo nada deste mundo».

OS ÊXTASES

A aparição gera o êxtase dos frades presentes e só depois que eles abandonam este estado extático, Francisco se lhes dirige, dizendo: «Irmãos meus caríssimos, agradecei a Deus, o qual quis pela boca dos simples revelar os tesouros da divina sabedoria; aconteceu que Deus é aquele que abre a boca aos mudos e as línguas dos simples faz falar sapientissimamente». O discernimento tinha produzido os frutos desejados pelo santo de Assis e a presença “viva” de Jesus o “certificou”.

Gelsomino Del Guercio

Publicado em 01-02-2024, sanfrancescopatronoditalia.it

Tradução Frei Zé Augusto

Partilhe este artigo:

Outras Notícias