Novos inícios ou recomeços? A diferença é subtil, mas de facto, leva-nos a interrogar-nos sobre o nosso modo de enfrentar o início das tarefas normais ao reentrar de um período mais ou menos prolongado de férias.
Qual é então a nossa disposição de espírito neste setembro? Estamos decididos a dar uma reviravolta, a inaugurar possibilidades inéditas, a aproveitar de um certo impulso, e entusiasmo ou estamos mais levados a copiar coisas já vividas, modalidades e esquemas consolidados e mais seguros?
Sobre tudo, sabemo-lo bem, sentimos o peso de um certo cansaço, uma incerteza, um sentimento de hesitação devido à situação que nos rodeia e que, portanto, também lá onde poderíamos desejar uma lufada de novidade, nos obriga a uma certa prudência. Mas então como não perder a esperança neste horizonte assim indefinido, que oscila entre luzes e sombras?
Uma resposta poderia ser esta: a oração!
«Precisamos de refletir sobre a oração para compreender o significado, a importância, a prática cristã, em obediência a Jesus nosso Senhor, modelo e mestre de oração […].
Não consigo não pensar que a tristeza, o cinzento, o descontentamento possam ter uma raiz também no facto que rezamos demasiado pouco e de modo demasiado diverso de como reza Jesus, sempre vivo para interceder em nosso favor (cfr. Heb 7,25)»
(Mario Delpini, arcebispo de Milano, carta pastoral 2022, “Kyrie, Alleluia, Amen”).
Se só a oração pode ser considerada antidoto eficaz contra um naufragar geral do viver o quotidiano, então somos chamados a procurar ocasiões, intuições, pistas de reflexão que nos possam ajudar a realizar algum passo na profundidade da relação pessoal com Deus.
Nesta simples série de artigos não é meu desejo oferecer um manual de técnicas ou de definições teológicas acerca deste complexo discurso, nem muito menos investigar de modo pontual as características daquilo que é oração e daquilo que não o é.
Simplesmente tentarei reler convosco algumas passagens da vida e dos escritos de são Francisco a fim de fazer emergir luzes capazes de despertar em nós um certo ardor pela oração. Pretendo, pois, novamente apelar-me à experiência do santo de Assis seja para levar ao conhecimento as suas páginas talvez pouco conhecidas, seja porque dele as biografias nos contam que ele «não era tanto um homem que reza, quanto ele mesmo todo transformado em oração vivente».
Sem dúvida podemos deixar-nos fascinar pelo Pobrezinho precisamente pela sua capacidade de fazer da oração um encontro de amor entre si, com tudo aquilo que de alegria e de sofrimentos tem no coração, e Deus, que tudo e em todas as circunstâncias se lhe mostra.
Francisco recebe a graça, desde os primeiros tempos da sua conversão, de encontrar o Senhor e de o experimentar presente precisamente no íntimo da sua vida:
«De repente o Senhor visitou-o e sentiu o coração transbordante de tanta doçura que não podia mover-se nem falar, não percebendo se não aquela suavidade […]. E desde aquela hora deixou de adorar a si mesmo e perderam pouco a pouco fascínio as coisas que antes amava. A mudança, porém, não era total, porque o seu coração ainda continuava agarrado às sugestões mundanas. Mas desvinculando-se aos poucos da superficialidade, apaixonava-se a guardar Cristo no íntimo do coração; e escondendo ao olhar dos iludidos a perola evangélica que pretendia adquirir a preço de todos os seus haveres, frequentemente e quase todos os dias se imergia secretamente na oração. Sentia-se atraído pela invasão daquela misteriosa doçura que lhe penetrando amiúde na alma, o levava à oração mesmo quando estava na praça ou noutros lugares públicos»
(FF 1402-1403).
Se estas são apenas as primeiras janelas que se abrem sobre o tema da oração, mediante a vida do santo de Assis, conseguimos já colher alguma consideração.
A primeira é que da oração não se pode falar se não em termos de relação entre duas pessoas, relação dentro da qual é Deus a tomar a iniciativa. Ao homem toca estar disponível para o encontro, conservar aquele diálogo e nutrir continuamente ocasiões em que o Espírito do Senhor posa exprimir-se.
A oração, portanto, é um pouco também um itinerário, que nos pede para saber descer, pouco a pouco, em profundidade para gozar da relação com o Senhor e por isso para converter toda a nossa existência a partir precisamente daquele núcleo incandescente que sabemos que se acendeu em nós.
Por fim a oração é a atitude daquele que se faz discípulo de Jesus, que reconhece nele o único capaz de nos atrair verdadeiramente e de nos conquistar, lá onde estamos, talvez ás margens da nossa própria vida, nos problemas e nas fadigas, como também nas alegrias, que hoje atravessamos.
Isto foi o que Francisco viveu, no qual talvez também nós podemos reconhecer o que vivemos… ou pelo menos alguma nuance que nos ajude a olhar para a oração com aquele fascínio que foi o seu!
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fra Andrea Bosisio
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