Comentário Evangelho – II Domingo Tempo Comum – B

1ª leitura: 1Sam 3, 3-10.19 – “Falai, Senhor, que o vosso servo escuta”

2ª leitura: 1Cor 6, 13-15.17-20 – “Os vossos corpos são membros de Cristo”

A PALAVRA É MEDITADA

Contemplamos juntos esta bela página do Evangelho. João Baptista está em companhia de dois discípulos, e vendo passar Jesus fixou-o com o olhar. Depois disse: “Eis o cordeiro de Deus!”.

A prova que João era verdadeiramente um homem de Deus é que não tem medo de perder os seus discípulos. Porque é que ele não segue? Talvez o considera inoportuno; sabe que ele deve diminuir para deixar espaço a Jesus, que deve crescer.

Dois discípulos vão atrás de Jesus e vivem um momento de desconforto; não é fácil parar uma pessoa que não conheces na estrada e depois, mesmo se o fazes, o que é que lhe dizes? É Jesus que, como sempre, toma a iniciativa e tira do embaraço. Jesus está sempre atento às necessidades de quem encontra, apercebe-se que o estão a seguir e pára. Faz-lhes uma pergunta para os pôr à vontade, mas é também uma pergunta muito importante, que os apanha de surpresa: “Que procurais?”.

Hoje nós viemos à missa. Se eu agora perguntasse a cada um de vós porque é que veio, o que procuras, saberíamos responder? É uma pergunta à qual é importante saber responder, para saber quais são as minhas esperanças e ver se Jesus as pode satisfazer. Recordemo-nos que o evangelho, mais que uma religião, é o convite a seguir Jesus, e também os discípulos precisarão de seguir Jesus por muito tempo antes de compreender que coisa propõe e decidir se aderir a esta proposta.

Repito que é importante saber responder a esta pergunta e ver se está em sintonia com aquilo que Jesus propõe, porque não raras vezes me aconteceu ver pessoas aparentemente muito crentes e praticantes que, uma vez desiludidas nas suas expectativas em relação a Deus, desaparecem.

Prosseguindo a narração notamos que João, que escreve este texto cerca de 60 anos depois, se recorda que eram cerca das quatro da tarde. Sial que foi um encontro decisivo para a sua vida. É um momento que mudou a sua identidade, como sucederá também a Simão, que se torna Pedro.

O texto termina como começou: primeiro João fixa o olhar em Jesus, depois é Jesus que fixa o olhar em Simão. Agora toca-nos a nós fixar o olhar em Jesus que nos pergunta também a nós: “Que procurais?”.

A PALAVRA É REZADA

Senhor Jesus, vivemos num mundo que se esforça por alcançar uma eficácia quase mágica. Por isso as tuas palavras de hoje parecem um duche de água fria para quem vive constantemente atarefado e quer soluções sempre mais rápidas. «Vinde ver», dizes aos dois discípulos. «Perguntais-me: “Quem sou?”. Quereis conhecer-me? Não há outro caminho que este: permanecer comigo. Dai-me aquilo que tendes de mais precioso: o vosso tempo, a vossa disponibilidade, um coração aberto e ouvidos atentos». Sim, Jesus, tu nos pedes para substituir a eficácia com a fecundidade, as técnicas publicitárias com aquela antiga paciência que exige nove meses para gerar um homenzinho.

Ámen

(In, qumran2.net e lachiesa.it – traduzido e composto por fr. José Augusto)

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