Comentário Evangelho – IX DOMINGO TEMPO COMUM – ANO B

1ª leitura: Gén 3, 9-15 – “Estabelecerei inimizade entre a tua descendência e a descendência dela”

Salmo: 129 – “No Senhor está a misericórdia e abundante redenção”

2ª leitura: 2Cor 4, 13-5,1 – “Acreditamos, por isso falamos”

Evangelho: Mc 3, 20-35 – “Satanás está perdido”

Do Sul, da Judeia, chega uma comissão de inquérito de teólogos. Das colinas da Galileia descem, ao invés, os seus familiares, para o levarem de volta. Parece uma manobra de pinça contra aquele subversivo, aquele mestre fora das regras, fora da lei, que fez de Cafarnaum o seu quartel general, de doze rapazes que cheiram ainda a peixe o seu exército, de uma palavra que cura e sua arma.

É a segunda vez que o clã de Jesus desce de Nazaré ao lago, desta vez levaram também a mãe; vêm par ao levarem para casa: está fora de si, enlouqueceu. Está a dizer e a fazer coisas por cima das linhas, contra o senso comum, contra a lógica simples de Nazaré: sinagoga, oficina e família.

Da comissão de inquérito Jesus recebe a marca de excomungado: filho do diabo.

E, no entanto, a pedagogia de jesus uma vez mais encanta: mas ele chamou-os, chama perto aqueles que o julgaram de longe; fala com eles que não se dignaram dirigir-lhe a palavra, explica, procura fazê-los raciocinar. Inutilmente. Jesus tem inimigos, vemo-lo, mas ele não é inimigo de ninguém. Ele é o amigo da vida.

Sua mãe e os seus irmãos e as suas irmãs e estando fora mandaram-no chamar. O Evangelho de Marcos, tão concreto e seco, põe-nos com os pés no chão, depois das últimas grandes festas, Páscoa, Pentecostes, Trindade, Corpo e Sangue de Cristo. O Evangelho parte da casa, de baixo: não esconde, com muita honestidade, que durante o ministério público de Jesus, as relações com a mãe e toda a família são marcadas por contraposições e distância. Refere aliás um dos momentos mais dolorosos d avida de Maria: quem é minha mãe? Palavras duras que ferem o coração, quase um desconhecimento: mulher, não te reconheço mais como minha mãe…

A única vez que Maria aparece no Evangelho de Marcos é imagem de uma mãe que não percebe o filho, que não o favorece. Ela que pôde gerar Deus, não conseguiu compreendê-lo totalmente. A maior familiaridade não lhe poupou as maiores incompreensões. Contar sobre o messias como sobre um da família, tê-lo à mesa, conhecer os seus gostos, não lhe tornou menos difícil o caminho da fé. Também ela, como nós, peregrina na fé.

Jesus não contesta a família, aliás queria estender a nível d emassa as relações quentes e boas da casa, multiplica-las ao infinito, oferecer uma casa a todos, reunir todos os filhos dispersos: quem faz a vontade do Pai, este é para mim mãe, irmã, irmão…

Assediado, Jesus não pára, não volta atrás, prossegue o seu caminho. Muita gente e muita solidão. mas onde ele passa floresce a vida. E um sonho de maternidade, irmandade e fraternidade ao qual não pode abdicar.

É REZADA

Senhor Jesus, somos mesmo miseráveis para contigo: de ti pretendemos tudo, mas quando se trata de te dedicar tempo e energias ou de dar aos outros, arranjamos mil desculpas: não tenho tempo, não é comigo, não me toca a mim. A verdade é que queremos ser admirados: livra-nos da ânsia de aparecer e ajuda-nos a compreender que a melhor aprovação da nossa vida é a do teu amor.

Ámen

(In, qumran2.net e lachiesa.it – traduzido e composto por fr. José Augusto)

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