Comentário Evangelho – IX DOMINGO TEMPO COMUM – ANO B

1ª leitura: Deut 5, 12-15 – “Recorda-te que também foste escravo no Egipto”

Salmo: 80 – “Exultai em Deus que é o nosso auxilio”

2ª leitura: 2Cor 4, 6-11 – “Manifesta-se no nosso corpo e vida de Jesus”

Evangelho: Mc 2, 23-3,6 – “O Filho do homem é também Senhor do sábado”

Sejamos sinceros, amigos, os fariseus tinham um pouco de razão. Resumindo: coloquemos regras, aliás positivas, que nos ajudam e nos apoiam, que nos dão alguma pequena certeza mesmo na fé e no comportamento, em nos sentirmos “a postos” com a consciência, e chega o Rabi de Nazaré e se comporta como um anárquico revolucionário!

Ufa, que difícil! É assim amigos: Deus chama-nos à liberdade, mas esta liberdade é-nos insustentável e logo nos enchemos de regras e preceitos para nos podermos apresentar diante de Deus com o caderno na mão, dizendo: “tudo a postos!”

Recordais a dramática história de Dostojewski, a lenda do grande inquisidor? Ele imagina que Jesus volte em plena inquisição, em Espanha, e ali Jesus sofre um processo – também reconhecido! – e é condenado a ser queimado na fogueira; o grande inquisidor acusa Jesus de ter sido ingénuo: o homem não consegue suportar a própria liberdade, precisa de ser comandado, endereçado…

Cristo diante de Caifás, de Gerrit van Honthorst.

Palavra forte, certo, mas não longe da verdade. a regra do shabbat existia, tinha uma razão de ser, porquê mudá-la, porquê reconduzi-la à origem, porquê querer confiar ao homem uma sua interpretação? Jesus não é um adolescente viciado que viola as regras; não: é o homem novo, livre, que antes da regra coloca a pessoa, que antes da lei coloca o amor que levou àquela lei. Voltemos a dizê-lo, amigos, quando queremos impor regras a todos, quando, também na igreja, torcemos o nariz e nos sentimos justos, quando pensamos em converter o mundo multiplicando as proibições; certo, não é fácil, não somos livres como o Mestre, nem maduros como ele e corremos o risco de colocar o nosso parecer como norma moral. Invoquemos então o Espírito Santo que – finalmente – nos torne livres e capazes de apoiar tal imenso dom!

É difícil ser livres, Senhor, difícil ficar assim, difícil comportar-se de consequência …

mas o teu exemplo nos ilumina: o amor vem antes da lei, o amor liberta, o amor torna-nos capazes de viver como homens e mulheres conscientes. A ti a honra e a glória Senhor Jesus!

Ámen

(In, qumran2.net e lachiesa.it – traduzido e composto por fr. José Augusto)

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