1ª leitura: Jer 31, 31-34 – “Não mais recordarei os seus pecados”
Salmo: 50 – “Dai-me, Senhor, um coração novo”
2ª leitura: Heb 5, 7-9 – “Aprendeu a obediência e tornou-se causa de salvação eterna”
Evangelho: Jo 12, 20-33 – “Se o grão de trigo, lançado á terra, morrer, dará muito fruto”
A PALAVRA É MEDITADA
Filipe é contactado por alguns gregos que querem ver Jesus. Esperam encontrar um grande filosofo sábio disposto a partilhar com eles a sua doutrina. E, afina, encontram um homem perturbado e duvidoso, que vê naquele interesse da parte dos pagãos, uma espécie de sinal, uma intuição do seu fim.
Tudo se está realizando, portanto, está para soar o último toque. Este Deus que aceita o limite do homem, que escolhe, como nós, que erra, como nós, dá-se conta, agora, que está para se cumprir a sua ascensão ao Pai. Não bastou quanto disse, nem os sinais, nem o rosto revelado pelo Pai. Tudo inútil: o homem não parece em condições de mudar, prefere manter um Deus severo e desconcertante, um Deus a servir com faustosas cerimónias, e a corromper com sacrifícios. Jesus tornou-se escurecido: as coisas são diversas, agora, imprevistas.
Sim, com certeza; alguns seguiram-no, aliás estão entusiastas, mas durará? E os seus amigos, aqueles que escolheu, que seguiu, que instruiu, que amou, serão capazes? Jesus pensa naqueles quarenta dias passados no deserto da Judeia, três anos antes. Que fazer, agora? Render-se? esquecer, desaparecer? Abandonar o homem ao seu destino? Uma escolha, a última, absurda, paradoxal, existe: a derrota. Deixar-se andar, entregar-se, desaparecer… talvez sirva para fazer compreender que falava a sério. Talvez. Como estar certos disso? Está em jogo a liberdade dos homens, não a de Deus. é preciso morrer, como o grão de trigo. Aposta audaz, risco inaudito, loucura. Diante de um Deus morto e nu, mostrado, ostentado, o homem de verdade compreenderá?
É REZADA
Senhor Jesus, em breve um vento de ódio, maldade, violência, cairá sobre ti para te eliminar. Tu não fazes nada para escapar mas sabes que os teus apóstolos serão apanhados de surpresa e ficarão desorientados. Por isso os convidas a ler o que esta para acontecer. És tu, Jesus, esta semente boa, deitada na terra que é feito afundar no escuro de um sepulcro para que não incomode mais. És tu, Jesus, este grão de trigo que aceita apodrecer, morrer, e parece vencido, aniquilado, mas dará vida a um fruto abundante. Tu pedes aos teus discípulos que percorram o mesmo caminho: que percam a vida por ti, que te sirvam com todas as forças, que gastem as energias pelo Evangelho sem temer o aparente fracasso. Jesus, faz que enfrentemos na noite da prova, do abandono, da cruz, sem nenhum medo, seguros de receber uma plenitude surpreendente.
Ámen
(In, qumran2.net e lachiesa.it – traduzido e composto por fr. José Augusto)