Comentário Evangelho – XXIII Domingo Tempo Comum – A

1ª leitura: Ez 33, 7-9 – “Se não falares ao impio, pedir-te-ei contas do seu sangue”

Salmo: 94 – “Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações”

2ª leitura: Rom 13, 8-10 – “A caridade é o pleno cumprimento da lei”

Evangelho: Mt 18, 15-20 – “Se te escutar, terás ganho o teu irmão”

A PALAVRA É MEDITADA

A semana passada deixámo-nos com as palavras exigentes do Rabi de Nazaré que convidavam Pedro, e todos nós seus discípulos, a tomar a cruz e segui-lo. hoje a Palavra mostra-nos concretamente como incarnar este convite de Jesus.

Estamos no capítulo 18 do evangelho de Mateus, aquele que encerra o discurso sobre a comunidade. entre estas linhas encontramos o sonho de Jesus e as suas indicações para uma comunidade que vive no mundo como sinal luminoso do amor.

O tema é ardente e sempre atual: a correção fraterna. O estilo de fraternidade que propõe Jesus é estupendo: delicadeza, discrição, paciência e gradualidade. Quanto estamos longe disto! Quanto ainda nos devemos alimentar da palavra para construir comunidades onde nos ajudemos a crescer e não a deprimir diante dos erros; onde nos dêmos uma ajuda a melhorar e não se aponta o dedo contra quem errou; onde se aprende a falar com amor e não só a falar mal com malícia e presunção.

Deste ensinamento de Jesus impressiona-me sobretudo a delicadeza. Se acendo um farol de estádio atrás de um irmão que quero corrigir, não farei mais que projetar-lhe sombras distorcidas; se lho aponto nos olhos acabarei por o cegar. Se quero verdadeiramente ajudá-lo a compreender o seu erro, talvez convenha fazer-lhe dom de uma bela vela ou de uma tocha, de modo que possa iluminar o seu caminho…

Jesus sonha com uma comunidade de irmãos e irmãs que estabelecem relações autênticas, sérias, exigentes, apaixonadas, fundadas sobre o Evangelho e não apenas pessoas que partilham um espaço ou um ideal de vida.

O Evangelho de hoje alerta-nos para o risco de chamar comunidade àquilo que na realidade é só uma convivência. Jesus diz que onde dois ou três estão reunidos em seu nome, ele está no meio deles. Isto faz-nos estar tranquilos, porque não diz “onde dois ou três santos…” ou “onde dois ou três perfeitos”.

A presença palpitante do Senhor é oferecida a todos, não é questão de número ou de mérito. A única condição é estar reunidos no nome de quem se reúnem? Em nome do hábito? Da tradição? Da visibilidade? Ou no nome de Cristo e da sua Palavra ardente de paixão pela fraternidade?

Coragem, caros amigos! Ajudemo-nos a caminhar em companhia do ressuscitado, apoiemo-nos nas fragilidades e nas quedas, tenhamos vivo em nós o sonho de Jesus!

A PALAVRA É REZADA

Senhor, tu sabes, a tentação é um momento da vida, um momento obscuro e difícil. Repentinamente está em mim a dúvida, tudo se rebela, tudo é inseguro, sem sentido aquilo que faço. Sou tentado na carne, na fé e no espírito. Na tentação, ó Senhor, tu estás em crise na minha mente incapaz de te compreender, estás em crise no meu coração incapaz de te amar, estás em crise na minha vontade incapaz de te querer. Senhor, tu conheces aquilo que sou e sabes aquilo que faço, quero o bem e faço o mal: não me ponhas à prova porque sou débil, não me abandones porque sozinho não consigo.

Ámen

(In, qumran2.net e lachiesa.it – traduzido e composto por fr. José Augusto)

Partilhe este artigo:

Outras Notícias