Da Inteligência Artificial à Inteligência Espiritual

Durante algum tempo andaremos a tentar compreender que impacte terá a Inteligência Artificial nas nossas vidas e para a compreensão do próprio universo, assim com do nosso lugar nele. Porám, há mais tempo ainda estamos a desenvolver um outro tipo de inteligência que pouco ou nada se fala: a Inteligência Espiritual.

Se perguntar à Inteligência Artificial o que é a Inteligência Espiritual, recebo a resposta construída a partir daquilo que já escrevemos sobre o assunto,

«A inteligência espiritual é um conceito que se refere à capacidade de acessar e utilizar valores, crenças e significados espirituais para guiar o comportamento e dar sentido à vida. Essa forma de inteligência vai além do raciocínio lógico e emocional, englobando uma dimensão de consciência mais profunda que envolve o sentido de propósito, conexão com algo maior que si mesmo, e a capacidade de enfrentar e transcender desafios e adversidades com uma perspectiva espiritual.» 

(do ChatGPT)

E uma das fontes é a proposta da filosofa Danah Zohar e do psicoterapeuta Ian Marshall que sugerem haver, tal como o IQ (ou QI em português) e o EQ (QE – Quociente Emocional em português), o SQ ( ou QEs – Quociente Espiritual) que seria uma terceira forma de inteligência, a inteligência espiritual, como algo essencial para uma vida plena e autêntica, ajudando as pessoas a lidar com questões fundamentais sobre o significado e o propósito da vida.

Lidar com as questões profundas é muito mais do que escrever sobre essas. Caso contrário, o facto de uma Inteligência Artificial conseguir escrever algo original e profundo seria indicativo de possuir uma Inteligência Espiritual. Esta exige um corpo e a justificação para isso poderíamos encontrar no facto de, na experiência cristã, o próprio Deus ter-se feito corpo em Jesus. Ratzinger na sua “Introdução ao Cristianismo” dizia relativamente à alma que — «aquilo que amadureceu durante a existência terrena de espiritualidade corporificada e de corporalidade espiritualizada continuará a existir de outra maneira.» — Ou seja, corpo e espírito são um só em nós, pelo que se torna difícil de conceber a possibilidade de uma autêntica Inteligência Espiritual sem corpo.

Na definição que o ChatGPT constrói a partir do treino que teve com os nossos textos, este elemento indissoluto entre corpo e espírito está ausente. Aproxima-se apenas pela via da tomada de consciência, sendo esta um elemento fundamental da matéria humana. Porém, quando o corpo vivo se tornar corpo vivificante porque consumido pela Terra após a nossa morte para dar vida ao que virá depois, não cessa também a nossa Inteligência Espiritual por deixar de ter corpo? Não.


O facto das nossas experiências enquanto respiramos dependerem da realidade material, é-nos difícil conceber a experiência que há-de vir quando o nosso existir se transformar e passar a habitar uma realidade transcendente, isto é, que está para além do tempo e do espaço característicos da realidade material. Quando S. Paulo fala da ressurreição com a imagem de uma semente que morre na terra para se transformar num corpo diferente, indica que o nosso corpo é Misteriosamente transformado por Deus. Capitalizei o “M” porque não se trata de um enigma, mas de uma realidade escondida e inacessível às nossas três dimensões espaciais, mais a temporal. Com a possibilidade de emergência de vida artificial, penso que tenha chegado o momento de aprofundar a nossa Inteligência Espiritual através de uma vida mais plena que amadurece no tempo-profundo (o Tempo 3.0).


Para acompanhar o que escrevo pode subscrever a Newsletter Escritos em https://bit.ly/NewsletterEscritos_MiguelPanao – “Tempo 3.0 – Uma visão revolucionária da experiência mais transformativa do mundo” (BertrandWookFNAC)

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