“Quem escuta hoje o pranto do Menino?”, éa pergunta que abre a reflexão do frei Francisco Patton, frade franciscano e custódio da Terra Santa martirizada nestes dias com um conflito tão sangrento e doloroso.
Sem esquecer as crianças da Ucrânia e de outros conflitos no mundo, o que acontece em Gaza depois do ataque terrorista do dia 7 de outubro passado, não nos pode deixar tranquilos na celebração deste Natal.
«No Evangelho, Jesus estabelece uma identificação plena, real e atrevo-me dizer quase sacramental entre a sua própria pessoa e a pessoa dos “pequenos”», afirma o frei Patton. E acrescenta: «Se celebrar o Natal significa antes de mais acolher o Filho de Deus que se fez criança e se esta criança se apresenta, ainda hoje, em cada “pequeno”, qual será a maneira mais evangélica, real e concreta, para acolher o menino de Belém?».
Neste ano celebramos os 800 anos do “Natal de Greccio”, do presépio criado por São Francisco de Assis para contemplar a pobreza e a ternura do Filho de Deus, o Menino Jesus. Contudo, não podemos ficar pelas peças de barro, nem pelas emoções que as imagens suscitam. É preciso – diz o custódio de Terra Santa – “escutar o pranto do menino, de cada concreto e único menino … para conseguir ouvir o pranto do Menino de Belém, cujo nascimento celebramos no Natal».
Por isso, é necessário aprender a escutar o pranto de todas as crianças continua frei Patton, quer «das crianças tiradas das mãos dos pais no kibutz Kfar Aza a poucos quilómetros da faixa de Gaza», quer das «esmagadas por uma chuva de bombas em Gaza». Também é preciso «ouvir o choro das crianças assustadas com as sirenes», assim como o «das crianças que não sabem por que a mãe ou o pai não voltam para jantar».
«O menino de Belém chora – diz por fim o frade da Terra Santa – e pede a cada um de nós que ouça o seu grito para que ele possa realmente nos guiar para a paz».
Mas, enquanto o irmão ataca o irmão, há alguém que ouça o choro do menino?
frei Fabrizio