O que quer dizer “ser consagrado”? O que é a “vida consagrada”?

Frades, freiras, monges … o que quer dizer ser consagrado? O que significa de verdade quando uma pessoa “é consagrada”? o que une frades, freiras, monges, e tantas outras formas de “vida consagrada?

Na Igreja católica a vida consagrada é a forma de vida dos “consagrados”, isto é, das pessoas que dedicam toda a sua vida a Deus e ao serviço da Igreja e da humanidade. Trata-se, portanto, dos frades, freiras, monges, eremitas, consagrados de vário tipo, em tantas formas e géneros diversos.

Os consagrados desejam ser um sinal visível da presença de Deus no mundo, antecipando já aqui sobre a terra alguns aspetos da vida que nos espera quando estivermos com Deus. esta forma de vida “profética” é fonte de inspiração para muitos cristãos (e não só) e contribui para transformar pouco a pouco o rosto da humanidade, para que possa voltar a assemelhar-se mais com o Pai.

Embora as formas e as modalidades possam ser entre as mais diversas, existem algumas características que unem todos os consagrados. Em particular 8 elementos:

  1. Antes de mais a “profissão dos votos” (pobreza, castidade e obediência), que pode ser feita em formas diversas e implicar diversos tipos de compromisso, mas que unem substancialmente todos os consagrados;
  2. Uma vida de oração e de relação com Deus quotidiana e intensa (celebrada em comum e/ou pessoalmente), em formas e “quantidades” diversas conforme o tipo de vida consagrada;
  3. Um estilo de vida simples e sóbrio, votado ao dom de si, por deus e pelos irmãos;
  4. Um “carisma” particular, isto é uma modalidade especial de seguir Deus que foi inspirada pelo Espírito Santo de maneira diversa e peculiar para cada grupo de consagrados, donde deriva uma espiritualidade específica;
  5. Um hábito religioso particular, que os distingue do resto do povo de Deus (mas nem sempre: muitas congregações hoje escolhem utilizar vestido laicais normais);
  6. Tipicamente a escolha de não casarem e da continência (isto é, de não exprimir a própria sexualidade e fecundidade através dos órgãos genitais), mesmo se podem existem formas de “esposos consagrados”;
  7. Com frequência a vida fraterna em comunidade (mas também aqui existem exceções, como por exemplo os eremitas, as mulheres da” ordo virginum”, etc…);
  8. Aquilo que talvez resume tudo é a radicalidade, isto é a escolha de ordenar todos os aspetos da própria vida para Deus, chegando mesmo a escolhas comprometedoras e contracorrente (que se exprimem, também aqui, em muitas formas diversas).

A vida consagrada teve origem nos primeiros séculos do cristianismo, quando algumas pessoas escolheram dedicar a sua vida inteiramente a Deus, vivendo em pobreza e rezando em eremitérios ou em pequenas comunidades monásticas.

Com o passar do tempo, estas comunidades monásticas tornaram-se sempre mais numerosas e desenvolveram regras e formas de vida específicas.

Ao longo dos séculos, a vida consagrada assumiu diversas formas. Os monges, por exemplo, dedicavam-se à oração e ao estudo e viviam nos mosteiros, observando regras de clausura e de silêncio. Os frades e as freiras, ao invés, dedicavam-se a atividades mais exteriores, como a pregação, a assistência aos pobres e doentes, e viviam nos conventos (queres compreender melhor diferença entre monges e frades? Aqui encontras um artigo sobre isto!).

Ao longo da história, muitos santos escolheram a vida consagrada, e seria impossível nomeá-los todos, desde santo António Abade a são Bento (considerados os fundadores do monaquismo), desse são Francisco d’Assis a são Domingos (iniciadores da vida dos frades), de santa Escolástica a santa Clara d’Assis (para as monjas de clausura), e muitos outros…

Ao logo dos séculos, a vida consagrada sofreu várias transformações. Em particular com o Concilio Ecuménico Vaticano II (1962-1965), por exemplo, houve uma reforma que levou a uma renovação das regras e das formas de vida dos consagrados, regressando ao sentido original dos vários carismas e abrindo a novas formas de vida consagrada mais “laical”.

É muito difícil fazer um elenco exaustivo das formas que hoje assume a vida consagrada na igreja católica. Existem, na verdade, tantíssimas modalidades diversas, e cada forma de vida consagrada tem um carisma específico, ou seja, uma missão e uma espiritualidade especificas que derivam do fundador ou da fundadora da ordem ou da congregação.

Somente a título exemplificativo, procurando seguir uma espécie de ordem cronológica do seu aparecimento na Igreja:

  • monges e monjas (já no IV século): vivem no silencio dos mosteiros, dedicam a sua vida à oração e ao trabalho, com uma certa separação da sociedade (por exemplo os monges beneditinos, nas suas várias reformas, cartuxos, clarissas…);
  • eremita (já no IV século): monges e monjas que escolhem viver a sua experiência monacal em solidão;
  • virgens consagradas (ordo virginum, já no IV século): mulheres que dedicam a sua vida a Deus e ao serviço d Igreja e dos homens, vivendo, porém, nas próprias casas, com um próprio trabalho, etc…;
  • frades e freiras (a partir do XIII século): vivem nos conventos e no meio do povo, numa vida feita de oração, fraternidade e serviço, dedicando-se a tantas formas diversas de cuidado da humanidade, como escolas, hospitais, missões, evangelização, escuta, pobres, etc… (se te interessa aqui encontras uma página onde falamos das múltiplas atividades de nós frades); são caracterizadas pela vida fraterna e pela utilização de um hábito religioso (por exemplo os frades franciscanos, dominicanos, servos de Maria, carmelitas…);
  • consagrados de vários institutos (mais difusos a partir do XVI século): uma forma de vida muito semelhante à das históricas ordens dos frades, mas dedicada maioritariamente a um apostolado específico, muitas vezes sem a utilização de um específico hábito religioso (jesuítas, salesianos, Combonianos…);
  • institutos seculares e sociedades de vida apostólica (mais típicos do XX século): trata-se de várias formas de vida maioritariamente laicais e dentro da sociedade, onde estes cristãos desejam viver em pleno a sua vocação batismal, de maneira discreta, mas eficaz, como o fermento na massa.

Hoje, a vida consagrada, nas suas várias formas, continua a ser uma escolha importante para muitos cristãos que desejam dedicar a sua vida inteiramente a Deus e ao serviço da Igreja e da sociedade. Estes milhares de homens e mulheres, de todas as idades, cultura e condição social, contribuem para tonar mais belo e humano o nosso mundo e a nossa Igreja, e são fonte de referência e inspiração para muitos e muitos cristãos.

Talvez também tu te sintas atraído/a por uma vida onde Deus está no centro e tudo o resto é ordenado para ele. Aqui encontras um artigo interessante para te orientar. E se quiseres podemos falar disso juntos!

Uma oração por todos vós, e vos pedimos uma oração por nós frades do blog, e por todos nós consagrados no mundo.

fra Nico

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