O CÂNTICO DAS CRIATURAS (S. FRANCISCO DE ASSIS)
Altissimo, Omnipotente Bom Senhor, a ti o louvor, a glória, a honra e toda a benção.
A ti só, Altissimo, se hão-de prestar e nenhum homem é digno de te nomear.
Louvado sejas meu Senhor, com todas as tuas criaturas especialmente o meu senhor irmão sol, o qual o faz dia e por ele nos alumias.
E ele é belo e radiante com grande esplendor: de ti Altissimo, nos dá ele a imagem.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas: no céu as formaste, claras preciosas e belas.
Louvdado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento, e pelo ar e pelo céu; e nuvens e sereno, e todo o tempo
por quem às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela irmã ága, a qual è muito útil e humilde, preciosa e pura.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pelo irmão fogo, através do qual alumias a noite. E ele é belo, jucundo, robusto e forte.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã a mãe terra, que nos sustenta e governa, e produz variados frutos, com flores coloridas e erva.
Louvado sejas, ó meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor e suportam enfermidades e tribulações.
Bem aventurados aqueles que as suportam em paz, pois por ti, Altissimo, serão coroados.
Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã a morte corporal, da qual nenhum homem vivente pode escapar. Ai daqueles que morrem em pecado mortal.
Bem aventurados aqueles que cumpriram a tua santissima vontade, porque a segunda morte, não lhes fará mal.
louvai e bendizei o meu Senhor, e dai-lhe graças e servi-o com grande humildade.
O que é a segunda morte?
Responde-nos S. João no livro do Apocalipse….
Apocalipse 20, 11-15
Depois, vi um trono magnífico e branco e alguém sentado nele. Os céus e a terra fugiram da sua presença e desapareceram definitivamente. Vi também todos os mortos, grandes e pequenos. Estavam diante do trono; e foram abertos uns livros. Foi aberto também um outro livro, que é o livro da Vida. Os mortos foram julgados segundo aquilo que estava escrito nos livros, segundo as suas obras. O mar devolveu os mortos que nele havia, a Morte e o Abismo entregaram também os seus mortos, e cada um foi julgado segundo as suas obras. Então, a Morte e o Abismo foram lançados no lago de fogo. Este lago de fogo é a segunda morte. E todos os que não foram encontrados escritos no livro da Vida foram lançados no lago de fogo.
Mas é Deus que nos condena à segunda morte?
Responde-nos S. João no seu evangelho…..
João 12,46-48
Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em mim não fique nas trevas. Se alguém ouve as minhas palavras e não as cumpre, não sou Eu que o julgo, pois não vim para condenar o mundo, mas sim para o salvar. Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras tem quem o julgue: a palavra que Eu anunciei, essa é que o há-de julgar no último dia.
Pontos de reflexão de Bento XVI
* “Imaginar a vida eterna” como a anuncia a fé da Igreja, descrevê-la por detalhes como uma realidade puramente humana não é possivel porque “não temos a experiência”.
* De facto a vida de que dispomos aqui na terra é limitada, pobre, frágil, exposta a perigos, ao mal, e é seguramente breve, com certeza não eterna. Somente Deus no-lo pode dizer, ’revelar’, porque se trata da sua própria vida divina que ele quer partilhar connosco. E Deus é certamente feliz de viver, pelo que a vida eterna de que fala a Sagrada Escritura ou é vida feliz para sempre ou não é vida eterna, mas no máximo – como foi dito – um tédio eterno.
* Dado que nós aspiramos intimamente a uma ‘vida feliz para sempre’ (= vida eterna em sentido cristão), Deus colocou marcas, caminhos a seguir para chegar à vida eterna.
* Como que a dizer que a vida eterna é a vida terrena vivida em tenão para o grande, o belo, com responsabilidade, a quem o próprio Deus dá a ajuda decisiva através de Jesus.
* “Como fazer?” pergunta-se o Papa. A resposta è clara e precisa: “Conhecer Deus”, ver como ele entende a nossa vida de hoens, dado que ele mesmo a criou. E no-la deu como dom.
Aqui o Papa recorda que a grande via para conecher Deus são os mandamentos, concentrados no mandamento do amor a Deus e ao próximo.
* Consideremos como passagem basilar, este “procurar conhecer Deus” para nos tornarmos especialistas da vida na sua totalidade qualitativa e temporal. O Papa insiste lembrando algumas caracteristicas que nos fazem conhecer verdadeiramente como o Deus da vida quer a nossa vida:
– “A nossa vida não existe por acaso, não é um caso. A minha vida é querida por Deus desde a eternidade”
– “Eu sou amado, sou necessário. Deus tem um projeto comigo na totalidade da história; tem um projeto precisamente para mim. A minha vida é importante e também necessária”.
– A vida é um dom que, é bem viver, dado pelo amor de Deus a que se responde amando “este Deus que me criou, que criou este mundo, que governa no meio de todas as dificuldades do homem e da história, e que me acompanha”.
* Quem não vive bem o breve tempo de vida concedido aqui no planeta terra não terá um tempo eterno de vida no céu; mas para viver bem aqui é preciso reconhecer que a vida é dom de Deus que contém o seu projeto de vida para cada um. Portanto conhecer e atuar o projeto de Deus significa realizar uma vida segundo ele que se torna felicidade para nós.
Paulo recorda aos cristãos de Colossos que desde quando Cristo ressuscitou dos mortos, “a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Portanto Deus vê a vida do homem “escondida” (protegida, defendida) em Cristo, cruzada totalmente com o seu destino vitorioso.
– De facto, acrescenta Paulo: “Quando Cristo, vossa vida, s emanifestar, então também vós aparecereis com ele na glória”. Como que a dizer que a vida escondida, sofrida e frágil, se tornará como a vida de Jesus ressuscitado, uma vida vencedora que não acaba mais.
– Eis então o convite de Paulo que Bento XVI refere aos jovens para que a sua vida se realize: ter uma fé sólida em Jesus, como são as raizes numa planta, os fundamentos numa construção, lembrando de dizer obrigado por iso ao Senhor da vida.
Em substância, A vida eterna é o modo de Deus entender e querer a vida do homem e de que Jesus se fez testemunha e mestre.
EM SÍNTESE
* Na visão cristã, vida e vida eterna não são duas vidas diversas, mas é a mesma vida de uma pessoa percebida em dois momentos: dentro do tempo terrestre e além do tempo. Para ambas vale o principio que a vida tem a vocação à beleza e á felicidade.
* A vida no tempo è ferida e sofrida como por um mal obscuro, pelo que a felicidade é desejada, mas dificilmente conseguida.
* A revelação biblica reconhece que este mal obscuro se chama pecado ou rotura com o Deus da vida, pelo que nem sequer mais se acredita numa vida eterna que supere a morte. Mas o próprio Deus fez um projeto de vitória da vida sobre a morte de que Jesus é o grande protagonista. A vida feliz é possivel ‘eternamente’. Aquilo que o homem deseja, o Deus de Jesus o realiza!
* A fé em Jesus ajuda a compreender que para jesus a vida eterna é uma vida feliz, e é feliz porque se está em companhia e para sempre com Jesus, o Senhor ressuscitado, enviado por Deus como amigo redentor do homem.