O dogma da Imaculada Conceição afirma que Maria foi preservada do pecado original, desde o momento da sua concepção, ou seja, desde o primeiro momento da sua existência, a Virgem Maria é a Cheia de Graça, desprovida por Deus das faltas que afligem a humanidade.
A sua festa litúrgica, comemorada a 8 de Dezembro, foi assinalada pelo Papa Sisto IV, a 28 de Fevereiro de 1477.
Em 1854, Pio IX, define o dogma pela Bula “Ineffabilis Deus” que encontra suporte canónico na saudação do Anjo Gabriel, «Ave ó Cheia de Graça» e nos textos dos Santos Irineu de Lyon e Ambrósio de Milão que concluem o seguinte: Jesus para poder encarnar no ventre a Virgem Maria, deveria ser livre de todo o pecado.
Embora a definição do dogma seja relativamente tardio, a tradição da Igreja evoca a imaculada concepção de Maria desde os primórdios do cristianismo como, por exemplo, São Efrém da Síria (Séc. IV) que defendia a exclusividade de Jesus e Maria enquanto isentos de toda a mancha e pecado.
Sabe-se ainda que no Séc. VII, os cristãos já celebravam a Festa da Concepção da Virgem Maria, 9 meses antes da Festa da Sua Natividade.
No decurso do Séc. XV, a invocação da Imaculada Conceição ganha expressão em toda a Europa e Portugal, não é excepção, com a fundação do Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, entre os finais do Séc. XIV e os inícios do Séc. XV, por São Nuno de Santa Maria (Santo Condestável).
Séculos depois, Nossa Senhora da Conceição, padroeira da nova dinastia reinante, os Bragança, tornar-se-á na Padroeira e Rainha de Portugal. Solenemente proclamada e coroada por D. João IV, a 25 de Março de 1646. Este acontecimento impulsionaria um aumento exponencial da devoção à Imaculada Conceição de Maria, ou numa linguagem mais popular, a Nossa Senhora da Conceição!
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Para a Família Franciscana, a devoção à Imaculada Conceição encontra especial atenção desde os primeiros tempos da Ordem, designadamente São Boaventura, Santo António e o Beato João Duns Escoto. Sabe-se ainda que os franciscanos celebravam esta solenidade, a 8 de Dezembro, desde 1263. Era ainda costume celebrar aos Sábados uma missa cantada em sua honra.
Também por iniciativa da Rainha Santa Isabel, educada com clarissas e de forte pendor espiritual franciscano, se institui em Portugal no ano de 1320, a Festa de Nossa Senhora da Conceição e lhe foi dedicada uma primeira capela.
Esta devoção encontra ainda particular expressão na figura do bem-aventurado Bernardino de Bustis (cerca de 1450 – 1513), pela composição do Ofício da Imaculada Conceição, aprovado pelo Papa Inocêncio XI em 1678 e enriquecido por Pio IX, a 31 de Março de 1876.
Em 1484, Santa Beatriz da Silva, funda uma nova Ordem Religiosa de Clausura em honra à Virgem Imaculada, a Ordem da Imaculada Conceição, ou simplesmente as Irmãs Concepcionistas, que seguiram a Regra de Santa Clara até 1511, mas mantêm-se sob a protecção dos franciscanos.
A partir do Séc. XV, vários são ainda os conventos e mosteiros franciscanos que se levantam em sua honra. Nos de fundação anterior, constroem-se ou lhe são dedicadas capelas ou retábulos em sua honra.
Daniel Ribeiro