Pegada zero: passagem

Depois das épocas festivas, “aterramos” no mês de janeiro, numa transição marcada pelo ritmo das festas. A passagem de ano, com mais ou menos animação, marca o fim de um ano e o início de um novo.

Porém, para que essa transição seja efectivamente passagem, há que parar no tempo da gratidão pelo que vivemos e entrar no tempo na regeneração do que queremos mudar.


A Importância da Transição

Hoje fala-se muito de transição – energética, digital, ecológica, (e até) climática – com o intuito de encontrar formas de ultrapassar as crises criadas pelo ritmo do crescimento.

Mais de 50 anos depois do relatório “Limites ao Crescimento”, a humanidade confronta-se com os mesmos ou com novos problemas ambientais:

  • Alterações climáticas,
  • Microplásticos nos oceanos,
  • Deflorestação,
  • Escassez de água,
  • Perda de biodiversidade.

Ser um Cidadão Ambientalmente Correto

Na verdade, muitos e de todas as idades parecem estar bem cientes do que consiste ser um cidadão ambientalmente correto, com ações há muito adquiridas em que reutilizar e reciclar são as palavras-chave.

Mas, será isso suficiente? Porque é que a ambicionada transição não acontece simplesmente ao ritmo das doze badaladas?


Gratidão e Regeneração

Talvez seja porque o processo de transição precisa de ser uma passagem vivida na gratidão e na regeneração.

Preferimos a palavra “transição” ao “limite”. Isso explica, por exemplo, a ênfase dada à transição energética em detrimento das medidas de suficiência energética (estratégias para reduzir o consumo de energia).

A transição é atrativa pois reflete abertura ao novo, enquanto a palavra limite tem tudo para ser impopular, pois apela ao decrescimento e à redução.


O Risco de uma Transição Consumista

O exacerbado populismo da transição tem o risco de ser um processo utilitarista e consumista que apela a “usar isto em vez daquilo”. Sinal disso é a agressiva publicidade à aquisição de produtos “verdes”.

Uma transição que seja verdadeiramente passagem implica o restabelecimento de valores como:

  • Sobriedade,
  • Equilíbrio,
  • Moderação,
  • Desaceleração,
  • Valorização,
  • Gratidão,
  • Reflexão,
  • Contemplação.

Reflexão para o Novo Ano

Paremos para agradecer o ano que passou, por todo o bem das nossas ações em prol da sustentabilidade e da solidariedade.

Paremos e arrisquemos perguntar: o que posso eu ainda melhorar?


Adaptado de Pegada Zero, Cidade Nova, Janeiro 2024

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