Uma Argentina a peregrinar por Portugal
O meu caminho para viver as jornadas começou no ano 2022, na paróquia Santo António de Obera, Misiones, Argentina. Logo na missa, com minha mãe, olhámos para uma publicidade das Jornadas.
Há muito tempo que queria viver uma experiência Work & Holidays na Europa, depois de ter trabalhado noutros países da América Latina, por isso decidi candidatar-me a um visto de trabalho para Portugal, país onde uma das minhas melhores amigas está a viver desde 2022.
Cheguei em junho de 2023 a Coimbra. Fiquei muito surpreendida quando descobri que a igreja mais próxima era Santo António dos Olivais! Junho e julho foram para fazer amizade com Santo António, para visitar a Igreja de Santa Cruz, onde ele tomou os hábitos agostinianos… Durante esses meses também visitei Fátima várias vezes, com as minhas comunidades da Argentina (Parroquia nuestra señora de Fátima, Garupá, Misiones y Parroquia Nuestra Señora de Luján, padroeira da Argentina) rezando muito por eles, especialmente pelos jovens. Até agora vou a Fátima se tiver oportunidade.
E, já em agosto, começam as jornadas.
Como é que vos posso transmitir a alegria da JMJ? É impossível, “no te lo puedo explicar, porque no vas a entender” diz uma canção muito famosa da Argentina. E, além disso, eu vivi-a de uma forma muito especial e muito diferente de todos os outros, penso que cada um a viveu à sua maneira e isso é muito enriquecedor.
A minha experiência girou em torno da Teologia do Corpo, catequese promulgada por S. João Paulo II, que não teria sido publicada se a Virgem de Fátima não o tivesse salvado das balas (encontrada agora na Sua Coroa).
Há uns anos estou a estudar Teologia do Corpo. Isso levou-me a viver um acampamento ETHOS em Buenos Aires (a capital da Argentina, a 1600km de Posadas, minha cidade), que é o grupo com que eu vivi as jornadas. Tive a grande oportunidade de ouvir e ver pessoalmente Christopher West, um grande palestrante da teologia do corpo, que só tinha visto em aulas gravadas na Internet.
Na sexta-feira, dia 4 de agosto, decidimos com uma amiga sair do programa das jornadas, perder a Via-Sacra e ir a Fátima para uma vigília à espera do Papa Francisco que lá estaria no dia seguinte, 5 de agosto. Nessa sexta-feira, com o grupo, fomos a uma palestra de Jason Evert, autor de muitos livros e escritos que eu já lia há anos. Sem saber do que se tratava, lá fui eu. Na Paróquia do Rosário de Fátima, em Lisboa, estavam expostas relíquias de SJPII e a palestra era inteiramente sobre a história deste santo e a sua relação com a virgem de Fátima (mesmo antes do nosso “desvio” para Fátima!!!), coisas totalmente diferentes do que o Jason costuma falar.
Depois das jornadas, decidi mudar-me para Lisboa e tive o grande presente de visitar a igreja de Santo António de Lisboa, (onde se encontra o reclinatório onde São João Paulo II meditou) e também visitei o mosteiro de São Vicente e muitos outros museus e lugares históricos, que durante as jornadas foi impossível visitar.
Até agora ainda estou a ver os vídeos, a falar com amigos de todo o mundo que fiz nas JMJ, a passear pelas ruas de Lisboa e a recordar vezes sem conta, ainda estou nas Jornadas! Apesar de as pessoas dizerem que já acabou, eu não acredito!
Selena Hebe Czernecki
(Conchas, folha da unidade pastoral de Chelas, Lisboa)