Este verão muitos jovens partiram connosco, frades, para algumas experiências em missão. Aqui temos os seus testemunhos!
Durante este verão 2023 nós frades propusemos 3 diversas experiencias em missão (aqui o artigo que as apresentava), em que envolvemos muitos jovens. Com alegria agora partilhamos convosco os seus testemunhos:
#1 Libano – Testemunho di Claudia
#2 Bósnia-Herzegovina – Testemunho de Elisabetta
#3 Roma – Testemunho de Francesco e Testemunho de Chiara
fra Nico
– franico@vocazionefrancescana.org
Bósnia-Herzegovina – Testemunho de Elisabetta
‘if you want know a language married a woman’
Neste verão deveria ter partido para a Palestina, mas graças a alguns impedimentos parti para a Bósnia-Herzegovina. Parti para a Bósnia-Herzegovina com uma minha ideia de migrante, de relações, de grupo, de afetos, parti para a Bósnia-Herzegovina pensando que em 20 dias teria percebido e decifrado o mundo. Regressei pensando toda outra coisa.

Os livros de história sempre me ensinaram que as migrações nasceram com o homem e o homem nasceu com as migrações: sempre nos deslocámos para um lugar melhor, uma casa melhor, para um terreno que frutificasse mais; hoje deslocamo-nos para o estudo, para um futuro melhor, porque nas redes sociais vimos um tal a fazer fortuna, para descobrir o que é que há para além das montanhas…
Portanto porque é que eu, pessoa comum, me pus em jogo e me ‘desloquei’ durante duas semanas?
Penso ter escolhido migrar, por poucos dias, num outro País para compreender o que está por detrás de uma família que chega a Itália, que manda os próprios filhos para uma escola com uma cultura, uma religião, um modo de pensar, muito diversos dos seus.
Porquê renunciar ao próprio País, às próprias tradições, à própria casa, para vir para a rica Europa?
A minha viagem começou com um grupo eclético de pessoas, recordo que amigos me diziam: vai fazer esta experiência, verás que, partirás com um monte de jovens interessantes. À primeira videochamada descobri que os três jovens interessantes que me teriam acompanhado eram três frades: um ganês, um francês, um veneziano, e com eles duas mulheres e uma carrinha, tudo parecia o começo de uma anedota, mas na realidade foi o início das nossas aventuras.

A primeira semana viu-nos em Biach, no campo de Lipa, perto do confim da Bósnia Herzegovina, ali esperávamos grandes números de migrantes, esperávamos trabalhar e fazer muito, afinal fizemos pouco e ouvimos muito, ouvimos as histórias dos voluntários, dos coordenadores, dos médicos sem fronteiras, dos migrantes (ou como os chamam nos campos dos ‘beneficiários’) que com o seu inglês procuravam fazer-nos compreender o seu país de origem e a sua meta. Todas as palavras que estavam no meio eram uma aventura por vezes de contar, às vezes para não dizer. O nosso ponto de encontro era o Barber shop, o Barber shop acompanhou-nos naquelas semanas, e admito que tive de reavaliar o trabalho dos cabeleireiros, existem técnicas, cortes, conversas, que só no barbeiro se podem ter. nós ensinámos algumas palavras de italiano, eles alguma palavra na sua língua mas aprenderam mais eles que nós, tenho ainda alguma dificuldade em pronunciar as cores em árabe mas sinto-me orgulhos por vos dizer que o jogo UNO praticamente se tornou internacional e onde não chegavam as palavras, chegavam os gestos ou um simples: “no problema”.

A segunda semana vivemo-la em Sarajevo. Sarajevo tem uma grande e longa história feita de experiências, de guerras e de jovens à procura de identidade, são eles mesmos imigrantes na sua própria nação. No campo de Blazuj as atividades são semelhantes a Lipa, aqui os migrantes são muitos mais, não os números que lemos nos jornais, mas muitos mais. os sorriso, um “hey, what’s up?” e criar rápidas relações são a coisa que mais se pode dar e mais se pode receber neste campo, não se pergunta “como é que fizeste para chegar aqui”, mas pode-se perguntar donde vens, para onde vais, com quem estás a fazer esta viagem, são perguntas banais mas são perguntas que também nós fazemos todos os dias, as nossas permanecem abstratas nos nossos pensamentos, as suas são reais: procurando o mapa no Google Maps para compreender quanto falta para a meta, perguntando a tradução de simples frases para quando estiverem em Itália, contando-te que ele se tornarão famosos jogadores de críquete …

O acolhimento da Bósnia-Herzegovina foi caloroso, como uma mãe que acolhe os amigos do filho, poderia fazer uma lista de pelo menos 1000 coisas, mas digo só uma: nunca fiquei sem comer! Os bósnios estão prontos a contar as suas experiências, as suas histórias, nem todos falam da guerra, nem todos falam do futuro, mas todos ali sabem viver um presente lento e tranquilo.
Não me iludo que os campos de migrantes acabarão, que a história não terá mais, sou da ideia que continuarão, mas continuarão com pessoas que verão no migrante um ser humano.
Levo para casa e na minha vida sorrisos de pessoas, de seres humanos, de voluntários, de ‘beneficiários’, de Alì do Mali que me dizia ‘Be positive, be better life and improve your life and the lives of the people around you’.
Obrigado por ter migrado na minha vida, a vossa passagem foi preciosa para mim. Hvala!
Elisabetta

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