de Miela Fagiolo D’Attilia 07 Set 2018
Um verdadeiro missionário. Durante a vida pregador franciscano na França das heresias dos Cátaros; nos altares amigo de homens e mulheres de outras religiões em terras distantes.
Assim santo António de Pádua é hoje conhecido e amado em muitos Países do mundo onde é venerado com velas, procissões e orações. Acompanha-nos nesta “peregrinação” nos passos do santo, Andrea Semplici, jornalista e escritor, especialista em realidades do Sul do mundo, há tempo colaborador de “O Mensageiro de santo António”, autor de reportagens dos lugares onde a devoção ganhou raízes.
Explica Semplici: «A minha colaboração na revista começou há quatro anos, juntamente com a minha curiosidade de conhecer melhor a figura de santo António porque sabia bastante pouco sobre ele. Do ponto de vista jornalístico impressionou-me a descoberta da devoção universal dada a este santo.
Não se trata apenas da devoção de quem vai a Pádua, mas dos lugares espalhados pelo mundo onde este santo é amado e venerado.
Impressiona o facto que isto aconteça também da parte de pessoas não católicas como em Istanbul, em Laç na Albânia, onde aqueles que vão rezar são muçulmanos.
Quando depois fui visitar estes lugares surpreendentes, fiquei sem palavras».
Na capital turca, a igreja de Sent Antuan kilisesi surge num angulo atrasado da centralíssima Istiklal Caddesi, já famosa no passado como Grande Rue de Péra, onde dois arquitetos italianos construíram o edifício nos primeiros anos do século passado, obedecendo às leis urbanísticas segundo as quais os lugares de culto cristãos não deviam ser reconhecidos.
Cada terça feira (dia dedicado ao santo) centenas e centenas de muçulmanos (os cristãos na Turquia são um irrisório 0,002% da população) atravessam o portão sobre a estrada e o pátio para pararem em oração diante da imagem.
Quem viu como Semplici estes gestos de devoção, fica impressionado pelo facto que sejam realizados «os mesmos gestos do culto católico: a oração, as mensagens escritas, tocar a imagem, queimar incenso, acender velas.
O consumo das velas na igreja de Istanbul é igual ao da basílica de Pádua. São sobretudo as mulheres que vão rezar porque na igreja lhes é permitido fazer aquilo que não fazem na mesquita, e isto é de ter uma espécie de devoção manifesta ao santo a quem se escreve a graça pedida.
As pessoas dizem que se dirigem a Sent Antuan porque o santo ouve, responde porque a sua mediação com Deus é sempre eficaz».
Na igreja de Istanbul estão os frades que à terça feira estão presentes e ouvem qualquer um que tenha vontade de falar com eles, com uma disponibilidade para o diálogo que já foi de Angelo Roncalli nos anos em que foi Núncio apostólico na Turquia (1934-43). O futuro papa e santo, João XXIII, dirige-se aos muçulmanos chamando-os «irmãos», fez traduzir em turco o Evangelho e encorajou a devoção a santo António.
Na Albânia por sua vez as coisas correram de maneira diferente.
Explica Semplici: «Os franciscanos foram a única ordem religiosa que sempre permaneceu na região balcânica também durante o longo período de domínio do império otomano e no período de regime de Enver Hoxa, mesmo se clandestinos, escondidos e perseguidos. E isto a população não o esqueceu e António tornou-se um dos símbolos da resistência pessoa à arrogância do regime comunista.
Contaram-me que a única igreja completamente arrasada ao solo com a dinamite, foi o santuário de santo António da montanha de Laç, a cerca de 40 quilómetros de Tirana, na zona tradicionalmente católica. Depois da destruição o lugar foi declarado zona militar, inacessível durante decénios ao ponto que se veem ainda as marcas dos caminhos de quem enfrentava difíceis caminhadas nas montanhas para ir a rezar.
Compreendeu-se que o regime comunista praticamente se estava dissolvendo quando em 1991 aconteceu uma imensa procissão de 60 mil pessoas lá onde surgia o santuário.
Também neste caso a maioria das pessoas eram muçulmanas.
Hoje a grande festa celebra-se a 13 junho e reúne 150 mil pessoas em boa parte cristãs.
Também no Kosovo, região de cultura albanesa, o santo tem uma importância extraordinária sobretudo na cidade de Giacova».
Protetor dos comerciantes, localizador fiável de objetos perdidos, santo António, que na sua vida foi um estudioso, um teólogo e um extraordinário pregador, graças à tradição popular tornou-se uma figura multifacetada.
Na França (onde surge o santuário em Brile la Gaillarde no Sudoeste do País) é o “santo das pequenas coisas”, a quem é dedicada a popular canção popular: «Saint Antoine, grand voleur, grand filou, rendez c’est que n’est pas à vous», ou seja, «Santo António grande ladrão, grande esperto, restitui-nos aquilo que não é teu».
Mas é também protetor das colheitas em muitas zonas rurais, patrono das mulheres solteiras á procura de marido no mundo hispano-americano e até curador da loucura no Ghana. Aqui é conhecido por todos como Nanà Antonà e aos pés da sua imagem, história e fé popular se cruzam num só abraço com os homens e as mulheres filhos da terra d’Africa.
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Traduzido, fr. Zé Augusto
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