Nos estudos dos textos
bíblicos, sempre houve passagens de difícil interpretação. Há ainda muitas
interrogações sem uma resposta clara e unânime. Algumas destas interrogações
surgem, com naturalidade, a quem está acostumado a escutar os textos na
liturgia diária ou dominical. Muitas outras, são só conhecidas entre os
estudiosos da Bíblia. A surpresa maior, para quem está menos dentro estes
assuntos, é quando descobrimos que, por vezes, são apresentadas várias soluções
diferentes para uma mesma questão. Ora, uma tal diversidade, mais do que
satisfazer as nossas dúvidas, deixa-nos quase sempre desorientados. Se é certo
que os textos das Escrituras podem ter muitos significados, porém não podem ter
mais do que uma interpretação verdadeira. E é, precisamente, neste âmbito que
se dão as discussões dos estudiosos, que procuram as soluções para as muitas
interrogações que surgem das Escrituras. Esta tarefa, no entanto, não pertence só
aos biblistas. Todo o crente – como também o desconhecido companheiro de
Cleófas, a caminho de Emaús (Lc 24,13-35) – é chamado a procurar as respostas para
as questões bíblicas. E se o caminho deve ser sempre comunitário, também deve
ser sempre aberto à companhia do Senhor, que nos quer escutar e nos quer falar
ao coração. Para, a seu tempo, nos encher de alegria e luminosa esperança.
Frei
Pedro Perdigão, OFM Conv,
Lisboa,
Vale de Chelas