Conversão H.O.J.E.

Conversão é uma transformação interior. Depende da história que construímos e visão daquela que gostaríamos de construir, mas, essencialmente, depende das escolhas que fazemos no H.O.J.E. que significa Horizonte da Oração, Jejum e Esmola. O Horizonte em cada um dos três aspectos oferece a estrada a percorrer na conversão feita de três dimensões (3D), a que temos dentrodiante e doravante

O H.O.J.E. quaresmal oferece uma mundividência orientada para a união com Deus (Oração), com o próximo (Esmola) e connosco próprios (Jejum). Um horizonte que ao contrário dos físicos, consegue-se atingir se deixarmos que a Trindade transforme o nosso coração. A dimensão dentro que está relacionada com a nossa vida interior pode ser o que se transforma dentro de nós, mas também o que parte de dentro de nós e depois manifesta-se exteriormente. A dimensão diante é a que se relaciona com o exterior com o qual interagimos, feito de pessoas, natureza e história. E a dimensão doravante é a que está assente na esperança que transcende todo o espaço, levando-nos a viver por quem está longe ou desconhecemos e a que transcende o tempo, colocando o horizonte numa visão epocal da nossa história.

Oração é um horizonte que dentro vivemos quando nos libertamos de todos os pensamentos e desejos para nos abrirmos totalmente à Vontade de Deus. É um horizonte diante do qual experimentamos a riqueza e valor de viver em comunidade com os outros e com a natureza através da qual podemos percepcionar a presença da Trindade. É um horizonte que doravante deveria informar cada aspecto do nosso agir e sentir para que seja pautado por uma união cada vez mais profunda com Deus.

Jejum tem um horizonte dentro, como o corpo que não vive só de pão, mas do acolhimento incessante de profundidade que alimenta a mente e o espírito. Tem um horizonte diante de cada um quando escolhemos o lugar onde colocar o nosso olhar para estarmos sensíveis à realidade que nos rodeia. E tem ainda um horizonte doravante quando aspiramos a saber esvaziarmo-nos de nós mesmos e acolher o alimento que Deus nos dá (Ele próprio na Eucaristia, a Palavra, entre outros) para nos deixarmos transformar por aquilo que é realmente essencial.

Esmola vive um horizonte dentro quando escolhemos o desapego das coisas vãs que não se manifestam apenas em bens materiais, mas incluem as não-coisas da vida digital que começam cada vez mais a fazer parte do supérfluo. É um horizonte diante do qual está o outro que pode beneficiar com alguma coisa material que lhe damos, mas que beneficiaria tanto ou mais com os gestos que podemos dar e não têm preço como um aperto de mão, um sorriso, ou um ouvido que escuta verdadeiramente. É um horizonte que doravante se revela como a faceta de sermos “dom” que renova a experiência que outros poderão fazer também ao se relacionarem connosco e descobrirem uma nova perspectiva sobre o que significa ser-amor.

O ditado sugere-nos que não deixemos para amanhã o que podemos fazer hoje, mas o h.o.j.e. da conversão quaresmal não pertence ao tempo sequencial. Pertence antes ao tempo epocal. É uma experiência de tempo que procura enquadrar a nossa vida num todo maior do que a soma de instantes ou oportunismos. 

A transformação interior da conversão que podemos viver no H.O.J.E., gradualmente, torna-se numa caminhada permanente que fazemos ao longo da nossa vida. Podemos começar um dia ou escolhermos o dia-um para começar. Depende de ti, mas fica seguro de que não estás só. Caminhamos juntos.


Para acompanhar o que escrevo pode subscrever a Newsletter Escritos em https://bit.ly/NewsletterEscritos_MiguelPanao – “Tempo 3.0 – Uma visão revolucionária da experiência mais transformativa do mundo” (BertrandWookFNAC)

Partilhe este artigo:

Outras Notícias