O “scanner” interior

Um exercício para ti em 4 step

O que é que trazemos dentro? De que coisa és feito/a dentro de ti? Quantas coisas trazes contigo todos os dias na “mala do coração”? eis um pequeno exercício para tentar compreendê-lo: o “scanner” interior.

Que tu sejas uma pessoa reflexiva e introspetiva ou então muito distraída, em todo o caso ter-te-ás dado conta que dentro de ti existe um monte de coisas. Que gostemos ou não, trazemos dentro de tudo.

Às vezes todas estas coisas fazem-se sentir muito bem, outras vezes jaz numa aparente tranquilidade…, mas todos sabemos que existe. É suficiente deitar-se na cama à noite, apagar a luz, desligar o telemóvel, e eis que logo surgem pensamentos, sensações, imagens, vozes

um mundo dentro de ti. Um inteiro universo, feito de tantas coisas diversas, a prescindir daquilo que nós queremos ou não queremos colocar dentro. A prescindir de quanto o queremos ouvir ou menos.

Podes viver fingindo que não exista. Ou então podes tentar explorar um pouco este microcosmo que habita dentro de ti. E quando começas a fazê-lo, então muda tudo. Então começas a compreender tantas coisas d atua vida. Então lentamente o nevoeiro começa a diminuir e aparece um caminho por onde caminhar

Mas como fazer? Como ouvir-se dentro? Como descobrir o que nos habita no profundo? Perguntas grandes quanto uma vida…. Aqui limito-me a propor-te um pequeno e simples exercício. Se queres, tenta!

Toma um tempo para ti, de silêncio e solidão: já isto, sei bem que não é fácil, por experiência pessoal. Se queres alguns conselhos claros e concretos sobre como fazer, aconselho-te ler este artigo sobre como nos preparamos para rezar, poderá ser-te muito útil (sim, o “rezar” e o ”entrar em nós próprios” têm muitas coisas em comum …).

Quando conseguiste fazer silêncio, tenta escutar, olhar, sentir aquilo que pouco a pouco emerge de dentro de ti. Pára todo o julgamento, deixa todo o preconceito, ou limite. Simplesmente abre a porta e começa com calma a aperceber-te daquilo que existe.

Encontrarás tantas e tantas coisas. Deixa a cada uma delas o direito de estar, o direito de existir dentro de ti. Acolherás algumas coisas com o sorriso, outras com nojo. Algumas com alegria, outras com grande medo. Está muito bem. Mas deixa que todas possa existir e ouve aquilo que têm a dizer-te independentemente do que suscitam em ti.

E lentamente tenta compor uma espécie de inventário daquilo que encontras dentro. Tento dar-te aqui um elenco como exemplo, que te pode servir de ajuda (certamente incompleto e não exaustivo) para fazer como que uma espécie de apelo. O que há dentro de mim, o que vem ao de cima?

  • Esta em primeiro lugar a minha voz, aquela mesmo minha; mas esta não é a única; dentro de mim sinto-a desmontada em tantos rostos diversos da minha personalidade (o eu zangado, o eu triste, o eu eufórico, o eu resignado, o eu amedrontado, o eu ansioso, o eu vazio e inerte…).
  • Mas existem também tantas outras vozes e rostos: de quem vive comigo (família, esposo/a, companheiro/a, coinquilinos…); das pessoas que tenho ao lado no lugar de estudo/trabalho (companheiros, colegas, chefes, súbditos, superiores,…); pessoas que são importantes para mim (familiares, namorado/a, amigos, pontos de referência…); de quem ouvi falar durante o meu dia (quem sigo nas redes sociais, quem encontrei por acaso, que me dirigiu a palavra, quem falava com um outro…); até mesmo de tantas personagens fantasiosas, genéricas, estereotipadas; e metemos também a de Deus (na oração, nas celebrações, na Palavra…) e de quem me acompanha do céu (os santos que sinto próximos e os meus caros defuntos).
  • Existem depois os pensamentos, de tantos tipos e sinais diversos: aqueles raciocinados e racionais, aqueles instintivos e potentes; aqueles certos e estáveis que me acompanham por longo tempo, aqueles imprevistos e inesperados que até me surpreendem; aqueles que sinto mesmo meus, a que estou afeiçoado/a, aqueles que me parecem estranhos e não sei sequer porque existam em mim; aqueles superficiais e “fáceis”, aqueles profundos e convincentes; aqueles simples e intuitivos, aqueles complexos que me escapam das mãos.
  • E depois encontramos as imagens: também aqui, quanta variedade… as imagens que vi durante o meu dia, ao vivo e num ecrã; as imagens que trago dentro da minha história; as imagens daquilo que vivi em primeira pessoa, mas também aquelas das narrações de outros; imagens verdadeiras e reais, mas também fantasiosas e misteriosas; imagens que provêm dos meus sonhos pesadelos; imagens que se agarram a uma recordação precisa e outras que não sei donde venham; imagens recentíssimas, de hoje, mas também muito antigas, dos meus primeiros anos de vida; imagens nítidas e claras, outras desfocadas, cambiantes, indefinidas; imagens que se assemelham a fotografias estáticas, outras que se tornam vídeo em movimento, e até mesmo inteiros filmes; algumas são tão completas que até nos trazem os odores, os sabores, a sensação de calor ou frio, a sensação de um abraço ou de uma queda no vazio…
  • Não esqueçamos, portanto, as sensações: também estas encontro dentro de mim, de sinal e intensidade entre as mais disparatadas; emoções, sentimentos, instintos, perceções epidérmicas…;

aqui a lista seria infinita, até abraçar todo o nível de intensidade, de cor, de direção, de forma, de duração…

Pára lentamente sobre cada um dos aspetos queemerge. Não tenhas pressa de escapar. Provavelmente o tempo que tens à disposição por hoje não te bastará. Não emas, poderás voltar uma outra vez.

Anota aquilo que sentes, aquilo que encontras, aquilo que descobres, aquilo que vês (possivelmente podes fazê-lo no teu diário espiritual: aqui encontras um artigo que explica o que é e como usar este instrumento).

Quando o tempo que te deste está para terminar, pára. Toma um momento de respiro. Tenta definir apenas com 3 palavras aquilo que sentes neste momento, no final deste momento de “scanner” interior: que emoção emerge como predominante? Anota-la no final do teu elenco de hoje.

Por fim restitui todas as coisas ao Senhor e não temas nada: Ele está contigo e te ama, acolhe, abençoa, cura todas as coisas que encontraste dentro de ti! Não estás sozinho/a, és amado/a e guardado/a, sempre! 

Agradece por aquilo que hoje te mostrou da tua interioridade. E, se sentes a necessidade, fala disso com o teu guia espiritual: terás grande benefício!

Conclusão

O que pensas deste exercício? Pode ser-te útil?

fra Nico

 – franico@vocazionefrancescana.org

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