Santa Teresa de Lisieux entre São Francisco e Santo António

Descobrimos como os santos se conheçam bem entre eles! Eis uma pequena “crónica” da viagem de santa Teresa de Lisieux a Assis e a Pádua em 1887.

Quinta feira 27 novembro 1887 uma jovenzinha francesa de 14 anos, Teresa, está de visita a Assis acompanhada pelos familiares. Quatro dias antes tinha tido o privilégio de encontrar em Roma o papa, Leão XIII, na esperança de obter a autorização para entrar no Carmelo antes dos canónicos 18 anos. Cauta é a resposta de Leão XIII; mas passados quatro meses Teresa entrará no Carmelo de Lisieux, onde a precederam duas suas irmãs (e ela não será a última).

Da visita a Assis recorda no seu diário (manuscrito “A”, n. 181):

«Depois de ter visitado os lugares perfumados pelas virtudes de são Francisco e de santa Clara, tínhamos acabado no mosteiro de Santa Inês, irmã de santa Clara…».

Quem sabe que surpresa para Francisco e Clara ali “adormecidos” reconhecer entre a multidão aquele lírio de santidade em que se teria tornado Teresa Martin, hoje santa Teresa do Menino Jesus, virgem e doutora da Igreja. Quem sabe que coisa lhe sugeriram ao seu coração as histórias de Francisco e Clara, para enriquecer um espírito já inflamado no carisma carmelita…

Por são Francisco a jovem carmelita ir. Thèrèse terá sempre palavras particulares de devoção. Como no manuscrito “B” (n. 251) quando abre o seu coração a um desejo “impossível”:

«Sinto em mim a vocação de Sacerdote: com quanto amor, ó Jesus, te levaria nas minhas mãos quando, à minha voz, descesses do Céu!… Com quanto amor te daria às almas!… Mas, infelizmente, enquanto desejando ser Sacerdote, admiro e invejo a humildade de são Francisco d’Assis e sinto a vocação de o imitar rejeitando a sublime dignidade do Sacerdócio. Ó Jesus, meu amor, minha vida!… Como conciliar estes dois contrastes? Como realizar os desejos da minha pobre pequena alma?…».

Ou no manuscrito “C” (n. 338):

«Não será por acaso da oração que os Santos Paulo, Agostinho, João da Cruz, Tomás de Aquino, Francisco d’Assis, Domingos e tantos outros ilustres Amigos de Deus beberam esta ciência divina que fascina os maiores génios? Um cientista disse: “Dai-me uma alavanca, um ponto de apoio e levantarei o mundo”. Aquilo que Arquimedes não pôde obter porque o seu pedido não era dirigido a Deus e era expresso só do ponto de vista material os santos obtiveram-no em toda a sua plenitude. O Omnipotente deu-lhes como ponto de apoio: a si mesmo e só ele. Como alavanca: a oração, que inflama com um fogo de amor, e é assim que eles levantaram o mundo, é assim que os santos ainda militantes o levantam e os santos futuros o levantarão no fim do mundo».

Ou então na carta a padre Adolfo Roulland (LT 221) de 19 marçoo 1897, onde a ir. Teresa demostra também que conhece algumas expressões de Francisco d’Assis (que encontramos em 2Cel e LegM):

«Não é por nada cómodo ser compostos por um corpo e uma alma! Este miserável irmão burro, como o chamava São Francisco d’Assis, muitas vezes dificulta a sua nobre Irmã e a impede-a de se lançar lá onde gostaria” … Mas eu não o quero amaldiçoar: não obstante os seus defeitos, é também sempre bom para alguma coisa, pois que faz ganhar o Céu à sua companheira, e ganha-o também para si e disso goza igualmente».

Quando a doença se torna mais agressiva e obriga Teresa ao leito, as companheiras recolhem muitas palavras que saem da sua boca naquela piedosa situação. Um dia, 3 julho 1897, Teresa – dirigindo-se à Madre Inês – diz (Caderno amarelo, últimos colóquios):

«Preciso de um nutrimento para a minha alma: leia-me uma vida dos santos».
– «Quer a vida de são Francisco d’Assis? Irá distraí-la, quando fala dos passarinhos…».
– «Não, não para me distrair, mas para ver exemplos de humildade
».

Naquela viagem para Roma, Teresa e os familiares passam por Padova. Era o dia 11 novembro 1887 (como recorda a lapide na Basílica do Santo, à entrada da Capela da Madonna Mora). Sempre no manuscrito “A” (n. 166) lemos:

«Depois de Venezia, fomos a Padova, onde venerámos a língua de Sant’ António».

A lápide na basílica do Santo que recorda a passagem de santa Teresa

Também o santo franciscano António de Padova entra na lista das devoções de Teresa. Com todas as características bem conhecidas… A poucos dias da morte, quando está acamada, Teresa confidenciará (Caderno amarelo, últimos colóquios, 3 julho, 6):

«Até os santos me abandonam! Pedi a Sant ‘António [de Padova], no matutino, que me fizesse encontrar o nosso lenço que tinha perdido. Pensa que me tenha atendido? Preveniu-se bem! Mas não faz mal, disse-lhe que o amava na mesma».

Parece que também entre santos e santas não se compreendam… por vezes…, mas nem por isso se amam menos!

Hoje a Igreja venera santa Teresa do Menino Jesus; desde 1997 até como “doutora da Igreja” pela sua particularíssima intuição da “pequena via” para a santidade que passa pela humildade diante de Deus, pela humildade aprendida de Deus que é Jesus Cristo.

Com são Francisco e santa Clara e todos os santos e santas, Teresa vigia sobre nós: em particular sobre os missionários (de quem ela é particular patrona desde 1927) e sobre todos os jovens que ardem de desejo como ela!

fra Andrea Vaona

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