Comentário Evangelho – III Domingo Quaresma – B

1ª leitura: Ex 20, 1-17 – “A lei foi dada por Moisés”

Salmo: 18 – “Senhor, vós tendes palavras de vida eterna”

2ª leitura: 1Cor 1, 22-25 – “Nós pregamos Cristo crucificado…”

Evangelho: Jo 2, 13-25 – “Destrui este templo e em três dias o levantarei”

Para João a purificação do Templo é antes de qualquer outro gesto, de toda a conversão: trata-se de expulsar os vendedores de fumo do mundo da fé, para revelar as intenções profundas que levam um homem a procurar Deus.

Jesus abe bem que, então como hoje, existe um modo de nos aproximarmos de Deus que tem a ver mais com o negociar que com a fé. Porquê Jesus se zanga com os vendedores do Templo?

Posso ficar incomodado pelas muitas bugigangas inúteis vendidas fora das portas de um Santuário, mas não me escandaliza se algum devoto quer levar para casa uma lembrança da sua peregrinação!

Aquilo que Jesus contesta radicalmente é a visão subjacente a este negociar: querer comprar favores a Deus. Oferecer um holocausto, gesto que na origem significava reconhecer a predominância de Deus sobre toda a vida, podia tornar-se uma espécie de contracto, de corrupção de público oficial: procuro convencer Deus a ouvir-me, ofereço-lhe alguma coisa que o possa vergar à minha vontade…

Também hoje sucede assim: participamos em Missas aborrecidíssimas, fazemos ofertas, praticamos dificilmente alguma obra de caridade com a esperança secreta que Deus possa (finalmente) escutar-me. Estará sempre assim distraído, Deus, que se tenha esquecido de mim? Não é a um déspota a corromper, nem a um poderoso lunático que nos dirigimos na oração, mas ao Deus de Jesus, que sabe daquilo que precisam os próprios filhos! A primeira purificação a fazer, é a de converter o nosso coração ao Deus de Jesus.

Naquele dia, no templo de Jerusalém, tu, Jesus, reagiste com violência, surpreendendo a todos com a tua determinação porque intervieste de modo decidido, renunciando às boas maneiras. Fizeste-o porque aquilo que estava em jogo resultava tremendamente importante. Não, Deus não pode ser ridicularizado, camuflado com uma máscara que deturpa as suas feições. Não, Deus não pode ser tratado como um ídolo, construído pelo homem, usado para ficarmos tranquilos, sem uma verdadeira conversão. Não, Deus não pode ser reduzido a um pretexto para enganar as pessoas, a uma ocasião para fazer dinheiro, aproveitando da sua ingenuidade. É o Deus que criou o céu e a terra

e não precisa de ofertas e de sacrifícios. É o Deus que libertou Israel da escravidão do Egipto e não pode ser explorado pelos espertos, pelos astutos de turno. É o Deus que ofereceu a aliança; aquilo que conta aos seus olhos é o coração do homem, que orienta a sua existência e as suas decisões. É o Pai, disposto sempre a fazer misericórdia, se alguém vem a ele com espírito arrependido.

Ámen

(In, qumran2.net e lachiesa.it – traduzido e composto por fr. José Augusto)

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