Francisco e as mulheres. Ou, melhor, Francisco e a mulher #3

O assunto volta além disso cheio de atualidade depois que o Papa Francisco comentou em várias ocasiões quanto importante seja o ministério da mulher na sociedade e na Igreja.

Que atitude assumiu Francisco? Foi de verdade o fundador da segunda Ordem, como desde sempre se pode dizer que se afirma de viva voz? Ou foi suspeitoso e distante para com todas as formas de vida religiosa feminina, como muitas vezes se repetiu, sobretudo nos últimos anos?

A fundação da Segunda Ordem, na realidade, deve-se em grande parte ao cardeal Ugo di Ostia/Gregório IX e aos seus sucessores; mas nem sequer a imagem de um Francisco misógino parece verdadeira.

Outra coisa é a relação que manteve com Clara e a comunidade de S. Damião. E que tal relação é independentemente do facto que Francisco nunca nomeie Clara nos escritos que dele nos ficaram tenha sido efetiva e intensa, mostra-o que sem ter em conta alguns factos testemunhados pelas fontes, sobre cuja consistência histórica me parece árduo duvidar que o texto do Audite poverelle, dirigido à comunidade de S. Damião e composto por Francisco nos mesmos dias em que, permanecendo doente naquela comunidade, ele compôs o Cântico do irmão Sol. Nem se pode duvidar da autenticidade da “forma de vida” que o Santo escreveu para as irmãs de S. Damião e Clara transcreveu no capítulo VI da sua Regra.

Além desta singular relação, porém, a nós interessa compreender em que modo Francisco se posicionou diante da mulher. A sua atitude, como se disse, foi inspirada na prudência, mesmo se mostrou grande confiança em relação a Jacopa dei Settesogli e da romana Prassede, a qual segundo afirma Tomás de Celano no Tratado dos milagres, foi por ele mesmo recebida na obediência.

É quanto grita de voz cheia naquela extraordinária ação de graças que é o capítulo XXIII da Regra não bulada: “E todos aqueles que querem servir o Senhor Deus na santa Igreja católica e apostólica, e todas as ordens eclesiásticas, sacerdotes, diáconos, subdiáconos, acólitos, exorcistas, leitores, hostiários, e todos os clérigos, todos os religiosos e todas as religiosas, todas as crianças e pequenos, os pobres e indigentes, os reis e os príncipes, os trabalhadores e agricultores, os servos e os patrões, todas as virgens e as continentes e as casadas, os leigos, homens e mulheres, todos os bebes, os adolescentes, os jovens e velhos, os sãos e os doentes, todos pequenos e grandes e todos os povos, gentes, tribos e línguas, todas as nações e todos os homens da toda a parte da terra, que existem ou existirão, nós todos frades menores, servo inúteis, humildemente pedimos e suplicamos para que todos perseverem na verdadeira fé e na penitência, pois que ninguém se pode salvar noutro modo”.

Porque quantos se convertem a Cristo se revestem de Cristo (cf. Gal 3,27); então “não há mais judeu nem grego; não há mais escravo nem livre; não há mais homem ou mulher”, pois todos somos “um só em Cristo Jesus” (Gal 3,28). E diante dele não é a circuncisão que conta, nem a incircuncisão, mas “o ser nova criatura” (Gal 6,15).

Felice Accrocca web

Publicado em 07-03-2017, sanfrancescopatronoditalia.it

Tradução, fr. zé augusto

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