de frei Tiago, 30 de outubro de 2025
A estadia de Santo António no sul de França data de 1224 a 1227. Vindo de
Bolonha, ali exerceu a sua missão apostólica, por cerca de três anos. Num
contexto em que proliferavam as heresias e os erros em relação à fé católica,
sobretudo da parte dos albigenses, ele foi eficaz no anúncio da Palavra. Em
Montpellier e Toulouse, dedicou-se ao ensino: São Francisco, com efeito, tinha
já dado ao «seu bispo» António permissão para instruir os irmãos na sagrada
teologia. Fundou conventos e foi custódio dos frades em Limoges.
Contam-nos ainda as fontes que, em terra gaulesa, o nosso Santo realizou
prodígios e milagres. E que, quando o mesmo António pregava em Arles, um
certo frei Monaldo teve a graça de ver São Francisco ali presente, bendizendo
os frades reunidos em capítulo. Em França, terá igualmente recebido a notícia
da morte do pai seráfico da Ordem dos Menores. Enfim, passando pela
Provença, regressou a Itália (cfr. Legenda rigaldina, 5,34), onde viria a assumir
o encargo de ministro provincial da região setentrional.

Toda esta atividade parte de um pressuposto: Santo António caminhou,
caminhou tanto. Estudos efetuados concluíram, inclusive, que os seus joelhos
contêm sinais não só do tempo transcorrido em oração, mas também dos
muitos quilómetros que ele percorreu a pé. António «não dava paz ao seu
generoso caminhar» (Vergilio Gamboso, Antonio di Padova. Vita e spiritualità,
Edizioni Messaggero, 1995, p. 121).
Pois bem, durante este verão, de 29 de junho a 21 de setembro, foram
recordados os passos dados por António, na sua viagem de França para Itália,
há quase 800 anos atrás. «En Route con Sant’Antonio» [para mais
informações: https://www.antonio800.org/] constou de um itinerário de 60
etapas e 1.306 quilómetros – número que evoca o dia da festa do Santo –, ao
longo do qual centenas de peregrinos se foram revezando, como verdadeira
«estafeta», desde a localidade de Brive-la-Gaillarde (onde Santo António
morou) até à cidade de Pádua (onde hoje repousa e é venerado). Frei António
de Lisboa, qual «irmão mais velho», esteve sempre presente através da sua
relíquia.

Os pós-noviços do Seminário Santo António Doutor (isto é, o grupo dos jovens
frades em que me incluo e que, em Pádua, vivem um tempo de preparação
para a profissão solene e de estudo da teologia), juntaram-se à «caravana
antoniana», para os últimos cinco dias de caminho, entre Verona e Pádua.
Pude testemunhar como António continua vivo e a anunciar com a sua vida o
Evangelho de Jesus Cristo, através dos encontros que faz e que medeia.
Talvez estejamos mais habituados a pensar ao culto dos santos nos lugares
tradicionais. Quando eles saem das suas basílicas e vão pelas estradas do
mundo, algo de diferente acontece. Há quem espere a sua passagem, com
devoção, calor, lágrimas, súplicas… Mas há também quem seja simplesmente
surpreendido e tocado pela graça, num breve instante não programado. Ainda
hoje, Santo António bendiz os lugares por onde passa, reclama a justiça para
os pobres e pede a paz para os nossos corações carecidos de conversão.

Todos sabem quem ele é, todos o reconhecem como um intercessor muito
próximo.
Esta longa peregrinação, em pleno ano jubilar, recorda-nos que o caminho é
metáfora da vida cristã e que a Esperança é uma virtude que nos leva sempre
a percorrer uma estrada. Todos somos peregrinos, porque corremos para os
bens prometidos, porque esperamos participar um dia da felicidade celeste.
Dizia, justamente, Santo António: «a esperança é a virtude que se inclina para
a frente». Lembremo-nos da meta.
A todos nós, bom caminho!
frei Tiago
Contactos em portugal…
Para mais informações, contacta:
- Frei José Carlos Matias (Coimbra)
Tel.: 232 431 985 | Email: freizecarlos@gmail.com
- Frei André Scalvini (Lisboa)
Tel.: 21 837 69 69 | Email: andreasfrater4@gmail.com


