O que é a «vida consagrada»?

O que quer dizer ser consagrado? O que significa de verdade quando uma pessoa «é consagrada»? o que é que une frades, freiras, monges, monjas, e tantas outras formas de «vida consagrada»?

© Pascal Müller on Unsplash

Na Igreja católica a vida consagrada é a forma de vida dos «consagrados», isto é, das pessoas que dedicam toda a sua vida a Deus e ao serviço da Igreja e da humanidade. trata-se por isso dos frades, freiras, monges, eremitas consagrados de vário tipo, em tantas formas e géneros diversos.  

Os consagrados desejam ser um sinal visível da presença de Deus no mundo, antecipando já aqui sobre a terra alguns aspetos da vida que nos espera quando estivermos com Deus. Esta forma de vida «profética» é fonte de inspiração para muitos cristãos (e não só) e contribui para transformar pouco a pouco o rosto da humanidade, para que possa voltar a assemelhar-se mais com o Pai.

8 coisas que são comuns a os consagrados

Embora as formas e as modalidades possam ser entre as mais diversas, existem algumas características que são comuns a todos os consagrados. Em particular 8 elementos:
– em primeiro lugar a «profissão dos votos» (pobreza, castidade e obediência), que pode ser feita em formas diversas e implicar diversos tipos de compromissos, mas que substancialmente são comuns a todos os consagrados;

– uma vida de oração e de relação com Deus quotidiana e intensa (celebrada em comum e/ou pessoalmente), em formas e «quantidades» diversas conforme o tipo de vida consagrada;

– um estilo de vida simples e sóbrio, votado ao dom de si, por Deus e pelos irmãos;

 um «carisma» particular, isto é uma modalidade especial de seguir a Deus, que foi inspirada pelo Espírito Santo de maneira diversa e peculiar para cada grupo de consagrados, donde deriva uma espiritualidade específica;
– um hábito religioso particular, que os distingue do resto do povo de Deus (mas nem sempre: muitas congregações hoje escolhem utilizar normais roupas laicais);

– tipicamente a escolha de não se casarem e da continência (isto é de não exprimir a própria sexualidade e fecundidade através dos órgãos genitais), mesmo se podem existir formas de «esposos consagrados»;
– frequentemente a vida fraterna em comunidade (mas também aqui existem exceções, como por exemplo os eremitas, as mulheres da «ordo virginum», etc…);

– aquilo que talvez resume tudo é a radicalidade, isto é a escolha de orientar todos os aspetos da própria vida para Deus, chegando também a escolhas desafiadoras e contracorrente (que se manifestam, também aqui, em muitas formas diversas).

Como é que nasceu a vida consagrada?

A vida consagrada teve origem nos primeiros séculos do cristianismo, quando algumas pessoas escolheram dedicar a sua vida inteiramente a Deus, vivendo em pobreza e rezando nos eremitérios ou em pequenas comunidades monásticas.  

Com o passar do tempo, estas comunidades monásticas tornaram-se sempre mais numerosas e desenvolveram regras e formas de vida específicas. Ao longo dos séculos, a vida consagrada assumiu diversas formas. Os monges, por exemplo, dedicavam-se à oração e ao estudo e viviam nos mosteiros, observando regras de clausura e de silêncio. Os frades e as freiras, ao invés, dedicavam-se a atividades mais externas, como a pregação, a assistência aos pobres e aos doentes, e viviam nos conventos (queres compreender melhor a diferença entre monges e frades? Aqui encontras um artigo sobre isto!

Ao longo da história, muitos santos escolheram a vida consagrada, e seria impossível nomeá-los todos, desde Santo António Abade a são Bento (considerados os fundadores do monaquismo), de são Francisco d’Assis a são Domingos (iniciadores da vida dos frades), de santa Escolástica a santa Clara d’Assis (para as monjas de clausura), e muitos outros… 

No decorrer dos séculos, a vida consagrada sofreu várias transformações. Em particular com o Concilio Ecuménico Vaticano II (1962-1965), por exemplo, houve uma reforma que levou a uma renovação das regras e das formas de vida dos consagrados, regressando ao sentido original dos vários carismas e abrindo a novas formas de vida consagrada mais «laical».

Quais as formas de vida consagrada que existem na Igreja?

É muito difícil fazer um elenco exaustivo das formas que hoje assume a vida consagrada na igreja católica. De facto existem muitíssimas modalidades diversas, e cada forma de vida consagrada tem um carisma específico, ou seja uma missão e uma espiritualidade especificas que derivam do fundador ou da fundadora da ordem ou da congregação.

Somente a título exemplificativo, procurando seguir uma espécie de ordem cronológica do seu aparecimento na Igreja (peço desculpa se não cito algumas formas específicas… podeis escrever um mail e integramos o elenco!):

– monges e monjas (já no IV século): vivem no silêncio dos mosteiros, dedicam a sua vida à oração e ao trabalho, com uma certa separação da sociedade (por exemplo os monges beneditinos, nas suas várias reformas, cartuchos, clarissas…);
– eremitas (já no IV século): monges e monjas que escolhem viver a sua experiencia monástica em solidão;
– virgens consagradas (ordo virginum, já no IV século): mulheres que dedicam a sua vida a Deus e ao serviço da Igreja e dos homens, vivendo porém nas próprias casas, com um trabalho próprio, etc…;

– frades e freiras (a partir do XIII século): vivem nos conventos e no meio do povo, numa vida feita de oração, fraternidade e serviço, dedicando-se a tantas formas de diversas de cuidado da humanidade, como escolas, hospitais, missões, evangelização, escuta, pobres, etc… (se te interessa aqui encontras uma página onde contamos as múltiplas atividades de nós frades); são caracterizadas pela vida fraterna e pela utilização de um hábito religioso (por exemplo os frades franciscanos, dominicanos, servos de Maria, carmelitas…);

– consagrados de vários institutos (mais difusos a partir do XVI século): uma forma de vida muito semelhante às históricas ordens dos frades, mas dedicada maiormente a um apostolado específico, muitas vezes sem a utilização de um específico hábito religioso (jesuítas, salesianos, Combonianos…);
 institutos seculares e sociedades de vida apostólica (mais típico do XX século): trata-se de várias formas de vida maiormente laicais e dentro da sociedade, onde estes cristãos desejam viver em cheio a sua vocação batismal, de maneira discreta mas eficaz, como o fermento na massa.

Hoje, a vida consagrada, nas suas várias formas, continua a ser uma escolha importante para muitos cristãos que desejam dedicar a sua vida inteiramente a Deus e ao serviço da Igreja e da sociedade.  

Estes milhares de homens e mulheres, de todas as idades, cultura e posição social, contribuem para tornar mais belo e humano o nosso mundo e a nossa Igreja, e são fonte de referência e inspiração para muitos e muitos cristãos.

Talvez tu também te sintas atraído/a por uma vida onde Deus está no centro e tudo o resto está ordenado para ele! 

Aqui encontras um artigo interessante para te orientar. E se quiseres podemos conversar juntos, escreve-nos!

Podes ler este e muitos outros artigos sobre os frades no blog Vocazione Francescana.

In, Messaggero di sant’Antonio»! 

Data de publicação: 06 outubro 2024

Traduzido, fr. zé augusto

fra Nico Melato colaborador

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