
Os frades são melhores que os padres? Qual era a relação entre são Francisco e os padres? O nosso santo tem muito a ensinar-nos sobre isto!
Praticamente já nos habituámos: são Francisco tem um estilo a ensinar-nos para todas as coisas! Francisco era de facto um “homem de Deus”, um homem profundamente habitado pelo Espírito Santo. Precisamente por este motivo, ele vivia todos os aspetos da vida de maneira “transfigurada”. Diz-se dele que fosse o “igualzinho” a Jesus, e, portanto, ao Pai.
Não nos admira por isso que também na relação com os padres, são Francisco tenha muito a ensinar-nos.
Acontece-me por vezes ouvir frases do tipo “Os frades são melhores que os padres! “, ou então também “Os padres não me são nada simpáticos, mas os frades são diversos…”, e coisas parecidas.
Não posso esconder que infelizmente por vezes estas frases acabam por despertar um pouco de orgulho dentro de nós frades… Mas certamente não é este o sentimento que nos pode ajudar a construir a comunidade dos crentes, a Igreja, no mundo melhor.
Na realidade o sentimento predominante em mim é em primeiro lugar de tristeza e lamento, e depois de vontade de arregaçar as mangas e metermo-nos todos ao trabalho.
Porquê? Por tantos motivos. E são Francisco é mestre nisto. Deixemos-lhe a palavra, através dos seus escritos.
Que o Senhor nos conceda ver os nossos padres com os mesmos olhos de Francisco: de os apoiar, ajudá-los, perdoá-los, admoesta-los, e dar graças pelo dom que são, para a Igreja e para o mundo.
fra Nico
– franico@vocazionefrancescana.org

Como é que são Francisco olha para os sacerdotes?
A eles a Eucaristia e Palavra de Deus
Na carta a todos os clérigos Francisco chama a tenção sobre dois grandes tesouros a eles confiados: a Eucaristia e a Palavra de Deus. Francisco exorta os sagrados ministros a administrarem com fé e decoro o sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus e a sua Palavra revelada.
Jesus coloca-se todos os dias «nas nossas mãos», mas também nós ministros estaremos «nas suas mãos», no «dia do juízo».
Na Admonição I, Francisco faz uma analogia entre o ventre da Virgem que acolheu o Verbo feito carne, e as mãos do sacerdote, que sob o sinal do pão, acolhe o Cristo no Sacrifício da Missa:
«Eis, todos os dias ele [o Senhor nosso Jesus Cristo] se humilha, como quando da sede real desceu ao ventre da Virgem; todos os dias ele mesmo vem a nós em aparecia humilde; todos os dias desce do seio do Pai sobre o altar nas mãos do sacerdote». (FF144)
Na carta a todos os fiéis, o Santo recomenda:
«reverência para com os clérigos, não tanto por eles mesmos, se são pecadores, mas pelo ofício e a administração do santíssimo corpo e sangue de Cristo que eles próprios sacrificam sobre o altar e recebem e administram aos outros. E todos devemos saber firmemente, que ninguém pode ser salvo se não por meio das santas palavras e do sangue do Senhor nosso Jesus Cristo, que os clérigos pronunciam, anunciam e administram». (FF193-194)
Francisco depois faz uma semelhança entre a Bem-aventurada Virgem Maria e o sacerdote:
«Escutai, meus irmãos. Se a bem-aventurada Virgem é honrada, como é justo, porque o trouxe no seu santíssimo seio […] quanto deve ser santo, justo e digno aquele que oca com as suas mãos, recebe no coração e com a boca e oferece aos outros para que comam dele, Ele já não moribundo, mas em eterno vivente e glorificado, sobre o qual os anjos desejam fixar o olhar». (FF220)
Em geral, portanto, os presbíteros (que sejam padres diocesanos ou que sejam religiosos e frades) são preciosos para a comunidade crente, para o povo de Deus: é através deles que “acontecem” os sacramentos, através deles que podemos gostar de um Deus que vem ao meio de nós em corpo e alma!
O seu pecado
Por outro lado, são Francisco sabe bem que os sacerdotes não estão isentos de pecar. Ele não se deixa, porém, influenciar pelas atitudes dos hereges seus contemporâneos, que consideravam que se o padre estivesse em pecado, então os sacramentos que administrava não eram válidos. Francisco, bem firme na fé católica, pode dizer, a propósito dos sacerdotes:
«E não quero considerar neles o pecado, pois neles eu discirno o Filho de Deus e são meus senhores. E faço isto porque, do mesmo altíssimo Filho de Deus nada mais vejo corporalmente, neste mudo, se não o seu santíssimo corpo e sangue, que eles recebem e só eles administram aos outros». (FF 113)
Na Carta a toda a Ordem, são Francisco depois recomenda aos frades sacerdotes:
«que quando quiserem celebrar a misa, puros e com pureza cumpram com reverência o verdadeiro sacrifício do santíssimo corpo e sangue do Senhor nosso Jesus Cristo, com intenção santa e monda, não por motivos terrenos, nem por temor ou amor de algum homem, como se tivessem de agradar aos homens». (FF218)
O Seráfico Pai, aceso de santo Zelo, ameaça o sacerdote que como «um Judas traidor… se faz réu do corpo e do sangue do Senhor». A este propósito, Francisco admoesta os frades sacerdotes a não pisar, a não ultrajar o Corpo e Sangue do Senhor, e a não o assumir com ligeireza, como se se tratasse de um qualquer alimento normal (FF218-219).
- A dignidade dos padres
Depois, Francisco estimula os sacerdotes a meditar sobre a sua dignidade:
«Olhai para a vossa dignidade, irmãos sacerdotes, e sede santos porque ele é santo. E como o Senhor Deus vos honrou acima de todos os homens, ao confiar-vos este ministério, assim também vós mais que todos amai-o, reverenciai-o e honrai-o. É uma grande miséria e uma miseranda fraqueza, que tendo ele assim presente, vós vos ocupeis de qualquer outra coisa em todo o mundo». (FF220)
Também neste texto dirigido a todos os Frades, Francisco não consegue esconder a sua admiração de fé diante da relação “celeste” entre Jesus Eucarístico e o sacerdote:
«Toda a humanidade trema, o universo inteiro trema e o céu exulte, quando sobre o altar, na mão do sacerdote, está presente Cristo, o Filho de Deus vivo. Ó admirável altura e estupenda dignação! Ó humildade sublime! Ó sublimidade humilde, que o Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilhe a tal ponto de se esconder, para nossa salvação, sob pouca aparência de pão!». (FF221)
A fé e a meditação destas realidades sublimes, leva-nos a prostrar-nos diante do Senhor em humilde e adorante agradecimento: «Olhai, irmãos, para a humildade de Deus, e abri diante dele os vossos corações; humilhai-vos também vós, para que sejais por ele exaltados». (FF221)
A fé nos sacerdotes
Pelo final da vida, Francisco reitera a sua fé na Igreja Romana e no sacerdócio ministerial quais dons preciosos do Senhor. Assim lemos no Testamento (1226) do Seráfico Pai:
«Pois que o Senhor me deu e me dá tão grande fé nos sacerdotes que vivem segundo a forma da santa Igreja romana, por motivo da sua ordem, que se me fizessem perseguição, quero recorrer precisamente a eles. E se eu tivesse tanta sabedoria, quanta teve Salomão, e encontrasse sacerdotes pobrezinhos deste mundo, nas paróquias onde moram, não quero pregar contra a sua vontade. E estes e todos os outros quero temer, amar e honrar como meus senhores».(FF112-113)
Na Compilação de Assis (conhecida também como Legenda perugina), lemos que o bem-aventurado Francisco, quando morava na Porciúncula, ainda com poucos frades, andava em giro pelas aldeias a pregar a penitência. Depois de ter pregado ao povo, reunia num outro lugar os sacerdotes presentes e falava-lhes da «salvação das almas» exortando-os ao «máximo cuidado em manter limpas as igrejas, os altares e toda a supeléctile que serve para a celebração dos divinos mistérios» (FF1588).

CONTACTOS EM PORTUGAL
Para mais informações podes contactar:
Frei. José Carlos Matias – Viseu
Tel: 232 431 985 | E-mail: freizecarlos@gmail.com
Frei André Scalvini – Lisboa
Tel: 21 837 69 69 | E-mail: andreasfrater4@gmail.com
Frei Marius Marcel – Coimbra
Tel: 239 71 39 38 | E-mail: mariusinho93@gmail.com