
Na igreja e no mundo franciscano recorda-se no dia 17 novembro a figura de uma santa, modelo e patrona de todos os filhos de são Francisco que como leigos seguem os seus passos: santa Isabel da Hungria.
Isabel foi rainha, esposa, mãe e viúva, e em apenas 24 anos de vida (1207-1231) tornou-se um dos maiores exemplos do francescanismo secular da Idade Média e de todos os tempos.
A rainha dos pobres, poderíamos dizer hoje, a Madre Teresa de 1200. “Santa Súbito”: em 1235 Papa Gregório, o mesmo Papa que tinha canonizado são Francisco e Sant ‘António, fará subir Isabel às honras dos altares, completando a assim chamada “Santa Terna “, a que mais tarde se unirá também Clara d’Assis (ainda viva na época, 1253) e São Luís Rei de França (1270).
Uma vida de verdade incrível
Filha de Andrea, rei da Hungria e da rainha Gertrudes, nobre senhora de Merano, nasceu em 1207, já aos 4 anos foi prometida em casamento a Ludovico filho e herdeiro do soberano de Turíngia, e foi conduzida ao reino do futuro marido, para viver e crescer ali, entre a cidade de Marburgo e Wartburg. Quando tem 10 anos (1217) morre o rei e sucede-lhe Ludovico, que 4 anos depois casa com Isabel tornando-a sua rainha (Isabel tem 14 anos).
No ano sucessivo, aos 15 anos, tem o primeiro filho, Ermanno, e depois duas meninas.
Já durante esta primeira juventude, de esposa, mãe e rainha, Isabel começa a dedicar-se aos doentes, também aos repugnantes: alimenta alguns, a outros procura um leito, outros leva-os aos ombros, prodigando-se sempre, sem, todavia, se pôr em contraste com o seu marido.
Quando saía do palácio para se dedicar aos pobres vestia uma roupa normal, de camponesa. Colocava a sua dedicação num quadro de normalidade, que incluía também pequenos gestos “exteriores”, inspirados não em simples benevolência, mas em respeito verdadeiro pelos “inferiores”: como o fazer-se tratar por tu pelas criadas. E era depois atenta a não exceder com as penitencias pessoais, que pudessem enfraquece-la e torna-la menos pronta para a ajuda.
Isabel, porém, fica viúva com apenas 20 anos quando o marido morre em Otranto quando se dirigia para o Oriente para participar na sexta cruzada.
Isabel recebe de vota o dote, e há quem faz projetos para ela: pode voltar a casar-se, naquela idade, ou então entrar num mosteiro como outras rainhas, para aí viver como rainha, ou também como penitente em oração, à escolha. Isto é o que lhe sugere o confessor.
Mas ela dá ouvidos a vozes franciscanas que se fazem ouvir na Turingia. Escolhe utilizar todo o dinheiro do dote para construir em Marburgo um hospital para os pobres e ali dedica toda a sua vida aos últimos. Torna-se terceira franciscana, isto para ela é realizar-se: fazendo-se pobre como eles. A sua escolha de pobreza desencadeia a ira da família real, que lhe tira os filhos e nega-lhe qualquer ajuda ou reconhecimento.
Isabel não perde a coragem e dedica toda a sua vida a esta causa. Visita os doentes duas vezes por dia, e depois recolhe ajudas tornando-se mendicante. E tudo isto permanecendo na sua condição de viúva, de leiga. Vive como pobre e como pobre adoece, renunciando também ao regresso à Hungria, como queriam os seus pais, ainda rei e rainha da Hungria.
Morrem em Marburgo aos 24 anos no dia 17 novembro 1231. É logo “considerada santa” por muitas vozes, que induzem o Papa Gregório IX a ordenar o inquérito sobre os seus prodígios que lhe são atribuídos. Chega-se assim à canonização em 1235, sempre por obra do Papa Gregório. Os seus restos mortais, roubados de Marburgo durante os conflitos no tempo da Reforma protestante, são agora conservados em parte em Viena.
Uma nova imagem também para Isabel
Quem nos segue sabe que há tempo estamos elaborando, com a ajuda de uma nossa amiga (e bravíssima ilustradora), Elena Scaldalai, novas imagens de alguns nossos santos franciscanos. Nas páginas deste blog (ir a procurar, usando a lente de aumento que encontrais no alto à direita) já publicámos as imagens de vários santos.
Há alguns anos, por ocasião da sua festa (era o dia 17 novembro 2021) com orgulho vos apresentámos a nova bela imagem de santa Isabel da Hungria, reelaborada segundo o estilo juvenil contemporâneo.

Patrona dos leigos franciscanos e de muitos institutos
Pelo modo como Isabel incarna o carisma franciscano como mulher, mãe, leiga, é por todos reconhecida como um dos maiores exemplos de leigos franciscanos, e por isso é com patrona (juntamente com são Luís de França) da Ordem Franciscana Secular, dita também Terceira Ordem Franciscana.
Durante seculos os leigos que se inspiram no carisma franciscano viram nela um exemplo e uma patrona.
Ao longo do século XIX depois desenvolveram-se várias congregações femininas de irmãs de vida ativa que se inspiraram no carisma franciscano, assumindo a regra da Terceira Ordem. Algumas dessas têm precisamente santa Isabel como sua especial patrona.
A vocação franciscana, portanto, exprime-se e realiza-se também no coração e nos gestos e na paixão de tantas mulheres.
Às jovens que nos seguem não posso não colocar a este ponto uma provocação: mas tu já alguma vez pensaste em … te tornar “freira franciscana? “
Deixo-vos por fim uma oração a santa Isabel escrita de propósito para os jovens para que nos possa acompanhar a todos no nosso caminho de procura!
Isabel da Hungria,
jovem esposa e mãe,
que com ardor seguiste o Senhor
sob o exemplo de são Francisco,
fortalece-me no empenho
de testemunhar com alegria
o amor de Deus no dia a dia.
Tu que escolheste livremente
o caminho da pobreza,
ensina-me a ser instrumento
de paz, de justiça e de caridade,
sobretudo para com os pobres e os marginalizados,
partilhando com eles o pão e a amizade.
Acompanha-me com a tua intercessão,
para que com o olhar fixo em Jesus, saiba reconhecê-lo
em cada irmã e irmão
e possa crescer em mim o desejo de o servir
para o bem de toda a humanidade.
Ámen.
fra Nico – franico@vocazionefrancescana.org
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