Há alguns dias atrás, a 13 junho, aqui em Pádua, como em todos os conventos e igrejas franciscanas do mundo, celebrámos Sant ‘António, um santo Frade tanto amado quanto por vezes desconhecido. Um santo jovem, com uma vida brevíssima e intensa.
Mas o que pode dizer ainda a um jovem, a um rapaz de hoje, este frade que viveu há 800 anos?
Em que é que o testemunho de Sant’António é ainda jovem?
A este propósito refiro a mensagem para a festa do Santo de 2018 de fra Oliviero Svanera, então reitor da Basílica Antoniana. Convido também todos a aprofundar a figura extraordinária de frei António que marcou tão profundamente a vida e a história da Ordem franciscana: aqui encontras a página dedicada a ele!
fra Alberto
– info@vocazionefrancescana.org
Mensagem para a festa de Sant ‘António 2018 de padre Oliviero Svanera
Este ano dedicámos o junho Antoniano aos jovens. A deixa foi-nos dada pelo Papa Francisco que estabeleceu par ao próximo ano um Sínodo dos Bispos sobre o tema: «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional».
Recentemente numa entrevista foi-me perguntado: “Sant’António em 2018 que jovem seria?”. E ainda: “Em que coisa a mensagem de Sant’António é ainda jovem?”. Perguntas interessantes. E vieram-me à mente três aspetos:
- S. António seria um jovem com forte desejo de viver a vida;
- Com coragem de decidir e perseguir os seus sonhos;
- Com grande paixão por Deus e pelos homens.
Um jovem com forte desejo de viver a vida
O nosso Santo completados os primeiros estudos, aos quinze anos escolhe entrar no mosteiro de S. Vicente – comunidade de sacerdotes que se inspiram na Regra de S. Agostinho – em Lisboa e depois em Coimbra. E impressiona-me seja esta ardor de saída do seio familiar, animado pela vontade de se pôr logo em jogo, de arriscar, de satisfazer a própria curiosidade de compreender, de amar e de se dar.
A mais antiga biografia escreve a respeito daquele período que “cultivava o engenho com uma forte aplicação ao estudo e tinha em forma o espírito com a meditação “. E imagino então que hoje o nosso Santo não seria um jovem que se deixa seduzir facilmente pelas sirenes de um desfrute esmagado sobre o consumo de bens ou escravo da pulsão do “tudo e já” ou de um desejo desregrado, volúvel e hedonista, cujo êxito é um coração sempre insatisfeito. Pois que “se o homem é demasiado satisfeito; s enão deseja, não pergunta, se não pergunta é como se vivesse como autómato, sem pensamento e sem inconsciente” (L. Pigozzi).
Fernando – este o seu nome antes de tornar frade franciscano – impressiona-me porque liberta desde logo a maravilha e o espanto diante da criação; faz espaço à sede do coração e ativa a pergunta sobre o sentido da vida e os seus mistérios; aplica-se na pesquisa do bem, no desejo de conhecer e ir em profundidade nas coisas.
Um jovem corajoso e tenaz em perseguir os seus sonhos
Fascinado pelo estilo de vida dos menores de passagem por Coimbra e a caminho de Marrocos par a pregar o Evangelho, é conquistado pelo exemplo do seu martírio e quis fazer-se frade. “Com vivo desejo – assim o biografo faz falar Fernando – queria vestir o saio da Ordem dos frades menores, desde que me seja prometido ser mandado, apenas serei frade, para a terra dos Sarracenos, na esperança de ser posto também eu com a coro juntamente com os santos mártires”. Grandes sonhos, aposta sobre o futuro, vontade de viver, desejo de se pôr à prova, confiança em si mesmo, generosidade e desejo de se dar… tudo se mistura neste jovem que, hoje, não se contentaria certamente com efémeros prazeres ou propostas de pequena conta.
Ele ama os grandes horizontes e enfrenta com coragem a prova d avida, porque encontrou em Deus o verdadeiro amor. Não teme assim se embarcar para Marrocos, porque tem no coração o desejo de servir o Evangelho e seguir os caminhos de Deus. E, dado que atrás do angulo está sempre o imprevisto, eis que a missão não chega a bom porto e a nave que o devia trazer de volta à pátria naufraga nas costas sicilianas. Em Itália será o seu futuro. António – este nome como franciscano – não é tanto “um cérebro em fuga”, mas, diríamos com o Papa Francisco, “um cérebro em saída”, isto é um jovem sempre disponível para as sugestões do Espírito, aberto a novas paragens, não só religiosas, mas culturais e sociais.
Um jovem de grande paixão por Deus e pelos homens
Do eremitério de Montepaolo na região de Forli – onde tinha sido destinado pela primeira obediência depois da sua chegada a Itália – à nogueira de Camposampiero, onde passa os últimos dias de uma jovem vida, a sua experiência espiritual será marcada pela oração, pelo silêncio, pelo “meu Deus e meu tudo”. Mas nele contemplação e ação são como sístoles e diástoles da vida. E a tensão espiritual transforma-se em voz profética, corajosa e itinerante pelos caminhos do mundo. Voz que anuncia o Evangelho das bem-aventuranças e faz própria a paixão de Jesus pelos irmãos mais pobres e pela defesa dos mais débeis. E António é um jovem que, como nota o biografo, nas coisas “dá a cara”: “nenhuma consideração pelas pessoas o vergava, nem se deixava seduzir por algum aplauso humano; “reconduzia à paz fraterna os que viviam em discórdia; restituía liberdade aos detidos, – fazia restituir aquilo que tinha si roubado com a usura ou a violência”.
Eis então a conclusão: a mensagem de António é jovem porque hoje temos necessidade de homens e mulheres – de jovens certamente, mas também de adultos empenhados no social, na politica, na escola, na economia… – que, como ele, não se contentem com os pequenos sonhos, mas sonhem em grande, sabendo que “os sonhos verdadeiros se fazem com os olhos abertos e se levam para a frente à luz do sol” (papa Francisco). Precisamos de reencontrar a sede e o desejo de um renovado humanismo evangélico, apaixonado por Deus, a criação e todo o homem. E os santos, como o jovem António, são aqueles que não só sonham, mas acreditam nos seus sonhos e o realizam. Aqui e agora.
fra Oliviero
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