Testemunhos das missões: #3 Roma – Testemunho de Francesco e Testemunho de Chiara

Este verão muitos jovens partiram connosco, frades, para algumas experiências em missão. Aqui temos os seus testemunhos!

Durante este verão 2023 nós frades propusemos 3 diversas experiencias em missão (aqui o artigo que as apresentava), em que envolvemos muitos jovens. Com alegria agora partilhamos convosco os seus testemunhos:

#1 Libano – Testemunho di Claudia

#2 Bósnia-Herzegovina – Testemunho de Elisabetta

#3 Roma – Testemunho de Francesco e Testemunho de Chiara

fra Nico

– franico@vocazionefrancescana.org

Em janeiro foi-me proposto pelos frades menores conventuais um caminho de preparação para as missões chamado “Testemunhas da Esperança”. Já há tempo no meu coração havia o desejo de fazer uma experiência ao serviço dos “últimos” e decidi aproveitar a oportunidade.

O discernimento feito durante este percurso levou-me a escolher como meta Roma, e em agosto, juntamente com um grupo de outros seis amigos e da minha namorada, fui acompanhado por Fra Simone e Fra Mirko numa atividade de voluntariado de uma semana no refeitório de Colle Oppio em Roma.

Não iniciei esta experiência com particulares expectativas, mas estava convencido que aquilo que a Missão me teria deixado seria muito mais que o bem que eu poderia ter feito. E assim aconteceu.

O dia era muito simples: encontrávamo-nos às 7,30h na igreja para a Santa Missa, momento fundamental para olhar com um olhar de Amor as pessoas que teríamos encontrado durante o dia, às 10,00h ia-se para o refeitório, rezava-se novamente juntos, dividíamos as tarefas do dia e às 10,30h eram abertos os portões.

A partir daquele momento começavam a entrar os hospedes, e o desejo que levava no coração tornava-se realidade. Cumprimentar as pessoas que entravam com um simples sorriso sincero chamando-as pelo nome era a coisa mais bela do dia, porque os seus olhos se iluminavam, como que despertados de um sonho, e eram cheios de gratidão para com quem se tinha dado conta, mesmo só por pouco tempo, da sua existência e do seu valor enquanto seres humanos, e não meros descartes da sociedade.

Pessoalmente o papel que preferia era o serviço às mesas. Era muito simples, tratava-se banalmente de acrescentar água nas jarras e limpar as mesas no final da refeição. A coisa melhor, porém, era que havia a possibilidade de interagir e conversar com os hóspedes, e era exatamente o motivo que me tinha levado a estar ali: aprender a reconhecer o rosto de Jesus no necessitado.

Muitos hóspedes não eram italianos e a conversação não era simplicíssima, mas logo percebi que não havia necessidade que eu dissesse muito, porque aquilo de que precisavam aquelas pessoas era alguém que as ouvisse.

Recordo em particular Mauro, Baka, Samjed e Abdul, os quais me contaram a história da sua vida e ao fazê-lo se puseram a chorar várias vezes, e a coisa mais comovente foi quando Mauro me pediu para o abraçar, porque percebi que a coisa de que precisava mais não era o dinheiro, roupas ou comida, mas afeto, alguém que lhe quisesse bem.

Aquilo que me deixou sem palavras foi quando bem dois hóspedes me ofereceram moedas dizendo-me “Vai comprar-te uma bebida fresca porque está calor”. O seu preocupar-se comigo e o seu dar-me poucas moedas, que em proporção a quanto tinham era um tesouro imenso, mesmo se eu estava fisicamente melhor que eles e tinha muito mais dinheiro, fez-me compreender que o tesouro maior que temos são as relações, o querer-se bem, a ajuda recíproca, a ajuda reciproca, o dar-se pelo outro, o Amor incondicionado pelo próximo. Todas coisas que nunca ninguém poderá substituir com todo o ouro do mundo.

Francesco

Esta é a segunda vez que participo numa experiência missionaria. O percurso de Testemunhas da esperança conduziu-me por bem dois verões consecutivos a realizar o serviço no refeitório de ‘‘Colle Oppio’’, gerida pela Caritas de Roma.

Esta experiência revelou-se para mim o lugar inesperado para um caminho de fé que me levou mais em profundidade de mim própria, e me permitiu ver os outros com um olhar renovado. Foi-me dada a oportunidade de me pôr ao serviço de uma realidade que muitas vezes vemos nas nossas cidades, mas que raramente tocamos com mão. No final aquilo que recebi foi maior relativamente ao que dei.

Vivemos cinco encontros formativos que tiveram lugar no santuário de são Francisco del Prato em Parma. Durante este tempo cada um de nós teve modo de aprofundar as verdadeiras razões e as motivações que o levavam a desejar colocar-se em escuta das várias pobrezas existenciais que teria encontrado nas pessoas indigentes.

Atividades miradas a estimular a reflexão interior, baseadas sobre a oração e a escuta foram as verdadeiras protagonistas da formação, juntamente com os testemunhos dos missionários, tão diversos entre eles, mas unidos por uma singular mensagem emersa várias vezes também nas partilhas finais: NÃO ESTÁS SOZINHO/A.

Foi isto que procurámos testemunhar com a escuta, as ações e as palavras acompanhados de olhares e sorrisos. Os dias iniciavam com a celebração da Santa Missa e o encontro com o Senhor dava o fundamento e a energia certa para enfrentar o serviço no refeitório.

As tarefas eram as mais variadas e quase todas consentiam o encontro com o outro; desde a recolha firme ao servir as refeições, mais que separar o lixo ou lavar os pratos e depois o inevitável serviço n sala, que levava à relação direta e imediata.

Na sala entre uma jarra de água e um prato a recolher, nasceram conversas, reflexões e encontros tão inesperados quanto improváveis. Por vezes recebiam-se só olhares cansados, zangados ou derrotados. Foram aqueles os momentos mais duros e inquietantes, porque aquele tipo de dor bloqueia-te e muitas vezes não soube o que dizer ou como agir.

A impotência, mas ao mesmo tempo o desejo de fazer alguma coisa a mais acompanharam-me todas as manhãs de serviço, já provocador fisicamente e mentalmente. Coordenar tantos voluntários, situações imprevistas e pedidos de todo o tipo nunca é uma coisa simples, mas ter companheiros de viagem ao meu lado, por vezes até desconhecidos, de certo modo me estimulava a relacionar-me no acolhimento, no conhecimento e na doação.

A troca de olhares criava espaços que se nos podiam preencher ou então deixar vazios. Encher aqueles espaços ajudou-me a compreender que não estava sozinha e atrás da necessidade e da dificuldade estava à minha espera o rosto de Jesus Cristo, que com uma mão estendida me pedia par ao reconhecer no indigente e a outra a indicar-me o caminho a seguir para dar apoio e conforto.

Terminado o serviço, o dia continuava de tarde com diversas atividades construídas e centradas sobre nós jovens; tantos momentos de reflexão, tantas perguntas e igualmente coragem para acolher as respostas acompanharam as nossas tardes na capital.

Uma boa dose de divertimento através de atividades específicas permitiu-nos tocar o fascínio de Roma através da arte, da cultura, da história e da fé.

Aquilo que nunca faltava e que para mim é de vital importância foi a oração. Na oração tudo assume uma perspetiva que se renova na certeza que o Senhor nos acompanha e nos faz ver a realidade com olhos novos; individual ou coletiva, era ela o verdadeiro motor dos nossos dias. Seja as catequeses que os lugares visitados traçaram um percurso escavado na nossa interioridade e tocaram cordas do coração que ainda hoje vibram.

Uma pergunta que guardava depois desta experiência e que ainda não me deixou. Quanto é que influencia as minhas escolhas e a minha vida o facto que Jesus tenha morrido e ressuscitado por mim e me acompanha no meu dia a dia?

Diante de um amor do género não existe medo que bloqueie ou miséria que não possa ser curada. Basta só escutar o coração de Deus que bate por nós.

Chiara

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