Greccio, o burgo amado por São Francisco

O santo era muito ligado esta terra e aos seus habitantes. Uma relação forte ainda hoje.

Greccio é uma pequena localidade da província de Rieti. Classificada como um dos burgos mais belos de Itália, hoje conta com pouco mais de 1500 habitantes. Não sabemos quantos teria na época de São Francisco, aquilo que é certo é que o santo de Assis ficou fascinado por estas zonas, tanto que a escolheu para a sua obra de evangelização a partir de 1208.

“Os frades eram 8 – explica o padre Stefano Sarro, frade menor do santuário – e, no dividir-se as zonas para onde ir, Francisco escolheu para si o Valle Santa di Rieti”.

Segundo quanto escreve Tomás de Celano, Francisco “gostava de parar no eremitério de Greccio, seja porque o via rico de pobreza, seja porque de uma pequena cela apartada, construída sobre a rocha proeminente, podia dedicar-se mais livremente à contemplação das coisas celestes. É precisamente este o lugar onde algum tempo antes tinha celebrado o Natal do Menino Jesus, fazendo-se menino com o Menino”.

Forte é a relação entre o santo e os habitantes de Greccio, no bem e no mal: […] Depois daquele momento, pelos méritos e as orações do padre santo, cessaram as calamidades, desapareceram os perigos e os lobos e a tempestade não trouxeram mais moléstia.

Aliás, aquilo que mais admira, quando o granizo batia os campos dos vizinhos e se apressava ao seu confim, ou cessava ali ou se dirigia a outro lugar. Mas na tranquilidade cresceram de número e se enriqueceram muito de bens materiais.

E o bem-estar trouxe as consequências habituais: afundaram o rosto na gordura e ficaram cegos gordura ou melhor pelo esterco da riqueza. E assim, recaídos em culpas maiores, esqueceram de Deus que os tinha salvou. Mas não impunemente, porque o justo castigo do Senhor atinge menos severamente quem cai no pecado uma vez de quem é reincidente. Despertou contra eles o furor de Deus e aos irmãos de antes se acrescenta a guerra e veio do céu uma epidemia que fez inumeráveis vítimas. (FF 621)

Numerosos são os acontecimentos da vida de Francisco que acontecem em Greccio e que nos são contados pelo seu biografo Tomás de Celano. Na pequena cela, ainda visível, em que o santo repousava e rezava, tem lugar o episodio da almofada, sob o qual para Francisco se cela o diabo: um convite, uma vez mais, à pobreza do espírito e da carne.

[…] Aconteceu-lhe no eremitério de Greccio que, estando doente nos olhos mais que o habitual, foi obrigado contra vontade a servir-se de uma modesta almofada. Durante a primeira noite, ao romper do dia, o santo chama o companheiro e disse-lhe: «Irmão, não pude dormir esta noite e nem sequer estar de pé a rezar. Treme-me a cabeça, dobram-se os joelhos e me sinto abalado em o corpo como se tivesse comido pão de azeite.

Creio – acrescentou – que esteja o diabo nesta almofada que tenho na cabeça. Tira-o, porque não quero mais ter o diabo sob a cabeça». O frade procura consolar o pai, que continua a lamentar-se em voz baixa, e faz voar a almofada que lhe tinha sido posto para o mandar embora. Está para sair quando de repente perde a palavra e é apanhado por tanto horror e bloqueado de tal modo, que não consegue mover-se do lugar, nem articular minimamente os braços. (FF 650)

Entre aqueles que iam ouvir a palavra do pequeno frade, estava Giovanni Velita, o castelhano de Greccio que se ligou muito ao Santo. Desde 1217, Giovanni tornou-se um dos melhores amigos de Francisco e prodigou-se por honrar no melhor modo possível este homem, que já tinha manifestado os sinais da santidade.

Quando Francisco morava na mísera cabana, como referem as Fontes Franciscanas, teve as visitas de Giovanni Velita, o qual, um pouco grande de constituição, um dia lhe pediu para escolher uma morada mais próxima para o confortar a ele e ao povo com a sua palavra. Francisco compreendeu a sinceridade de tal proposta e aceitou-a de boa vontade dizendo que teria colocado a escolha da nova morada, não à sua vontade, mas a um tiro lançado para o ar por uma criança.

A legenda ou verdade não acertada, conta que encontrada uma criança de quatro anos o convidou a lançar um tiro para o ar. A criança obedeceu: “e a ardente brasa, se como de um dardo de arco lançado, voando veloz se foi a incendiar uma selva selvagem, por cima de um pequeno monte, o qual era pertença do Velita, e tudo sito fez, pelo comprimento de uma boa milha ou mais”.

Admirados os Grecianos de tanto milagre dirigiram-se, com Francisco e com Giovanni Velita, ao lugar onde tinha caído o tição.

Esta localidade íngreme foi escolhida como nova morada do Santo. Francisco amava o eremitério de Greccio, e tinha uma predileção também pelos habitantes daquela terra, pela sua pobreza e simplicidade, por isso se dirigia com frequência àquela aldeia para descansar, onde depois fundou o primeiro presépio da história.

Redazione, Irene Roberti Vittory

Publicado, 29-11-2019, sanfrancescopatronoditalia.it

Tradução, fr. Zé augusto

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