Também o ano 2024 foi um ano rico de experiências em missão para muitos jovens (e menos jovens), que acolheram o convite de viver um tempo de encontro com o outro, o diverso, em lugares distantes ou próximos, juntamente connosco frades franciscanos.
Partilhamos convosco então alguns testemunhos, certos que as palavras destes “missionários” possam ser de estímulo e inspiração para os caminhos de cada um de nós!
Chamo-me fra Alberto e estou em caminho como Frade Menor Conventual. O meu desejo de voltar a pisar a terra chilena concretizou-se muito antes daquilo que eu pudesse pensar, pois que não é habitual voltar a fazer uma experiência de missão pela segunda vez durante o período de formação como frade. Fiquei muito surpreendido que os meus formadores me pedissem para voltar novamente, mas desta vez por um período de cerca de seis meses: de finais dejulho2023 até aos inícios de fevereiro 2024.

Chegando ao Chile, dei-me conta de como a experiência de pouco mais de um mês do ano precedente tinha deixado em mim sementes que floriram inconscientemente no espaço de pouco tempo, de facto, conhecendo já alguns costumes culturais ou modalidades relacionais do povo chileno e alguns vocábulos que tinha aprendido, voltaram no espaço de poucos dias, à diferença da experiência precedente onde tudo era novo e tinha de o descobrir.
A minha permanência dividiu-se em dois momentos: vivi os primeiros três meses no convento de Santiago do Chile onde fiz um curso de língua espanhola para consolidar a língua. Foi interessante ver como era diverso aquilo que estudava daquilo que acontecia no momento em que saía da escola: mesmo compreendendo a língua nas aulas, apenas ouvia falar as pessoas do lugar tinha muita dificuldade em as compreender, como se falassem uma outra língua que tinha pouco a ver com o espanhol. Isto fez-me perceber como a escola me podia dar apenas as bases donde partir, e o trabalho maior devia ser feito no meio das pessoas pela estrada. Tive a possibilidade de festejar a grande ocorrência chilena da “festa pátria” no mês de setembro, dias em que as pessoas se sentem parte de um único País não obstante as várias dificuldades económicas e sociais: põe-se no centro o estar juntos com música, danças e comida e partilha. Um elemento típico desta festa é a Missa chilena que apresenta, no final da celebração, um “passo di cueca”, uma dança típica da cultura chilena dedicada á Virgem Maria. Este é talvez um elemento significativo que me fez compreender como cada povo tem alguma coisa de próprio no viver a fé, alguma coisa que o caracteriza, intrínseco da própria cultura e religiosidade, e o manifesta como um dom de qualquer coisa que lhe pertence.

Nestes meses descobri quanto seja importante para um chileno o estar juntos e o partilhar. É um povo muito sentimental e afetuoso, que não tem medo de se abrir e de se comover mesmo em público.
Impressionou-me, de facto, como são muito calorosos e acolhedores, com a força de ser felizes não obstante as dificuldades quotidianas. Um povo religioso que gosta de cultivar a própria fé pessoalmente e comunitariamente. Patrióticos e ligados ás próprias origens, metem no centro como valor primário a pessoa e o respeito por quem têm na frente.
De facto, é típico que antes de cada encontro seja necessário partilhar o dia ou alguma coisa do que se viveu e só depois de começa o encontro. Não importa a idade: jovens, adultos ou idosos, podem estar juntos e conhecer-se até noite funda, porque muitas vezes é a única ocasião para desfrutar ao máximo.
Significativo é que uma das refeições mais importantes do dia seja a “once”, que é feita na tarde adiantada, à base de chá ou café e acompanhado de pães, salgados e doces para partilhar: o convívio e o estar juntos de modo informal são o núcleo principal da cultura chilena. Não só, os chilenos sabem distinguir os momentos sérios daqueles de divertimento, que são muito intensos, e sabem passar de um ao outro no espaço de pouquíssimo tempo sem que se minimize um ou se torne monótono o outro.
Durante o período de permanência no Chile vivi em dois conventos, Santiago e Curicò, onde experimentei o serviço pastoral tipicamente missionário. Os frades vivem a vida de convento e desta partem para realizar os serviços pastorais e depois regressam novamente, porque tudo aquilo que realizam é só a moldura de um quadro que é a vida fraterna. Os frades conservam o seu estar juntos que é feito de oração, refeições partilhadas, trabalhos em casa e saídas fraternas. A beleza de ser missionário talvez esteja precisamente nisto, no conservar e no sentir-se guardados para depois se gastarem e darem no serviço.
Por fim o mês de janeiro foi um tempo em que me preparei par ao regresso a Itália, de facto comecei a cumprimentar as pessoas que tinha encontrado porque, depois de tantos meses de experiência, as relações intensificaram-se e era necessário preparar a separação.
As saudações calorosas e a minha comoção fizeram-me compreender como me liguei muito a estas pessoas ao ponto de desejar, no futuro, poder voltar novamente o Chile para continuar com a missão e passar de uma simples experiência a um período de vida mais longo.


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