Testemunhos missionários: Tommaso na Indonésia

Também o ano 2024 foi um ano rico de experiências em missão para muitos jovens (e menos jovens), que acolheram o convite de viver um tempo de encontro com o outro, o diverso, em lugares distantes ou próximos, juntamente connosco frades franciscanos. 

Partilhamos convosco então alguns testemunhos, certos que as palavras destes “missionários” possam ser de estímulo e inspiração para os caminhos de cada um de nós!

Olá! Chamo-me Tommaso, tenho 23 anos e nasci e cresci em Milano, se bem que agora vivo na Dinamarca por motivos de estudo.

Este verão tive a sorte de participar na experiência missionária “Testemunhas da Esperança na Indonésia”, organizada pelo Centro Provincial Missionário da Província Italiana Sant’António de Padova dos Frades Menores Conventuais. Depois de um período de preparação, parti para a ilha de Sumatra onde permaneci durante quatro semanas em Pematangsiantar, num centro de reabilitação chamado Harapan Jaya, traduzido “Boa Esperança”.

O centro é gerido por oito freiras franciscanas, todas indonésias, e alberga crianças, jovens e adultos com deficiências motoras e/ou mentais.

Os jovens que neste centro viviam permanentemente, eram assistidos em todos os aspetos da sua vida quotidiana: eram alimentados e lavados, e recebiam cuidados médicos com percursos de fisioterapia, ergoterapia e logopedia, adequados às exigências individuais de cada um.

A quem estava em condições, era garantido o acesso à instrução nas escolas do bairro. Além destes cuidados e atenções, crianças e jovens viviam tratados e amados como filhos. No centro trabalhavam também estavelmente uma quinzena de operadores que ajudavam as irmãs na administração do centro.

Parti com o desejo de encontrar uma cultura profundamente diversa e de me cruzar com condições me menor conforto económico. Partia também e sobretudo com a certeza que a fazer experiências novas e singulares, se descobre sempre alguma coisa de novo e inesperado.

Os primeiros dias desde a minha chegada serviram para me ambientar e travar conhecimento, depois amizades, com irmãs, jovens e operadores do centro.

A amanhã, depois de acordar cedo e do pequeno almoço na sala de refeição com as irmãs, juntava-me aos operadores para acompanhar as crianças à escola, a cinco minutos a pé do centro. Via que eram muito contentes por ser acompanhadas, cumprimentavam-se calorosamente antes de iniciar o seu dia.

Depois de regressar, ajudava na cozinha, até à hora de almoço. Gosto de cozinhar, e ser exposto a gostos, verduras, frutos e abordagens á cozinha tão diversos daqueles a que estamos habituados na Europa foi de verdade fascinante.

A tarde era dedicada ao jogo. Fazia companhia às crianças por aquilo que podia e elas faziam-me companhia a mim. No centro, naquele momento, era o único voluntário, e por vezes tinha dificuldade em me sentir um pouco isolado e só por causa da forte barreira linguística.

Estou grato de coração às irmãs, crianças e ao pessoal de Harapan Jaya que se gastaram muito para me fazerem sentir acolhido e bem apreciado.

À noite depois de jantar gostava de jogar cartas com as irmãs, cujo jogo preferido era o burraco: ao povo indonésio agrada muito rir, e a atmosfera era sempre alegre e efervescente.

Da experiência vivida trago comigo diversos ensinamentos importantes, e gostaria d eme deter sobre dois em particular. Durante a minha permanência, afeiçoei-me particularmente a um menino de nove anos de nome, Ando.

Apesar da sua difícil condição, sendo privado de mãos, pés e da mandíbula inferior, o seu sorriso nunca faltava. Nos seus olhos descobri uma vitalidade rara e autêntica. Em oposição à mentalidade ocidental que muitas vezes associa a felicidade à comodidade, bem-estar e posse, Ando representa para mim a prova que a felicidade não depende das circunstancias materiais e não passa através delas.

O segundo aspeto refere-se ao valor do tempo. Noto que no nosso país, nos grandes centros urbanos em particular, se viva enchendo os dias de coisas a fazer, com a pressa de chegar à noite com a lista mais alta de compromissos que conseguimos realizar. Neste frenesim eu pessoalmente perco facilmente a consciência daquilo que estou fazendo e as razões que me induzem a fazê-lo, acabando por trabalhar por automatismos.

Um exemplo positivo vem dos indonésios que conheci, capazes de dar o tempo certo aos acontecimentos do dia, ajudados também pelo menor número de distrações à sua disposição.

de fra Nico Melato

CONTACTOS EM PORTUGAL

Para mais informações podes contactar:


Frei. José Carlos Matias – Viseu

Tel: 232 431 985 |  E-mail: freizecarlos@gmail.com

Frei André Scalvini – Lisboa                                             

Tel: 21 837 69 69 | E-mail: andreasfrater4@gmail.com                                                  

Frei Fabrício Bordin – Coimbra 

Tel: 239 71 39 38 | E-mail: freifabri@gmail.com

Partilhe este artigo:

Outras Notícias