NÓS FRADES MENORES CONVENTUAIS: FRADES DA FRATERNIDADE

Como escrevi já várias vezes, a nossa vocação de frades franciscanos nunca é vivida num caminho individual (como aconteceu com outros religiosos e consagrados), mas sempre “juntos “.

São Francisco gostava de repetir: «O Senhor me deu irmãos!». E com efeito, a sua vocação e a sua história de vida, a sua própria santidade, teriam sido bem diferentes sem a proximidade, a amizade, a comunhão profunda com outros irmãos que cedo acorreram a ele para partilhar os seus ideais e o ardor evangélico.

Na Ordem franciscana nós Frades Menores Conventuais (o ramo mais antigo – guardiães dos túmulos de S. Francisco e Santo António) distinguem por esta específica nota.

A denominação “conventuais” (ou “frades da comunidade”) juntou-se quase desde os inícios não tanto a sublinhar um lugar físico (o convento), mas a referência fundante dada precisamente à fraternidade, à vida comum, ao “cum-venire” (do latim) isto é ao “con-venire” juntos…, ao “con-dividir”, a uma plena comunhão humana e espiritual que em tudo os caracterizava. 

A comunidade, na sua dimensão fraterna, continua, portanto, ainda a ser o coração pulsante de cada convento, mas também constitui o seu desafio quotidiano.

Como cada coração pede, de facto, para ser continuamente reavivado, e apoiado e monitorizado e mantido em exercício a fim de evitar “esclerocardias, e enfartes, e escassa circulação sanguínea”.

Desculpai estas comparações sanitárias, mas parece-me que possam mostrar bem os perigos que incumbem inevitavelmente também sobre as nossas fraternidades.

O individualismo, por exemplo é um veneno demasiado difuso para que também nos conventos não se sinta o seu contágio!

O antidoto é sempre o Evangelho, a alegria de ter um único Pai dos céus e o consequente chamamento a sentirmo-nos todos filhos e irmãos num caminho quotidiano de conversão recíproca, de humildade e escuta recíproca. Um caminho belo e de grande testemunho, sempre audaz e nunca dado por descontado!

Mas são Francisco e Santo António, nossos irmãos mais velhos e o exemplo pequeno e apaixonado de tantos simples frades, são a este propósito de grande conforto e apoio!

 

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frei Marius Marcel– Coimbra 

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